Os curdos da Síria rejeitam a criação de uma "zona de segurança" sob controle da Turquia no norte do país - disse nesta quarta-feira (16) à AFP um alto cargo da administração semiautônoma da minoria curda.
"Pode haver uma linha de demarcação entre a Turquia e o norte da Síria, com forças de manutenção de paz da ONU", afirmou o dirigente curdo Aldar Khalil.
"Qualquer outra decisão é inaceitável", acrescentou.
A Turquia não é "neutra" e "não pode ser um garante de segurança", insistiu.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou, recentemente, a ideia de criar uma "zona de segurança" de 30 quilômetros na Síria.
Após uma conversa por telefone com Trump, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, explicou que a Turquia pode se encarregar de estabelecer essa zona entre a fronteira turca e as posições das Unidades de Proteção Popular (YPGs), a milícia curda.
"Trump quer criar zonas de segurança em cooperação com a Turquia, mas qualquer presença turca vai mudar o equilíbrio (da região), que não será segura", completou Khalil.
Em meados de dezembro, a Turquia ameaçou deflagrar uma nova ofensiva contra as YPGs. Aliado dos Estados Unidos na luta contra o Estado Islâmico (EI), esse grupo é considerado uma "organização terrorista" por Ancara.
Na mesma linha, o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou nesta quarta que o governo sírio deveria retomar o controle do norte do país, após a saída das tropas americanas. Ele rejeitou, aparentemente, uma "zona de segurança" sob controle turco promovida por Ancara e Washington.
"Estamos convencidos de que a melhor solução, e a única que seria justa, é uma passagem desses territórios para controle do governo sírio, das Forças Armadas sírias e de suas estruturas administrativas", declarou Lavrov em sua entrevista coletiva anual.