Um juiz de Nova York bloqueou nesta terça-feira (15) a decisão do governo de Donald Trump de ressuscitar uma velha pergunta sobre a cidadania no censo de 2020, uma decisão que a administração possivelmente vai apelar e terminar na Suprema Corte.
"Essa pessoa é cidadã dos Estados Unidos?", é a controversa pergunta que o governo americano quer acrescentar no censo, e que deixou de ser feita em 1950 neste país com população de forte contingente de imigrantes.
Os demandantes asseguram que a pergunta é uma estratégia dos republicanos para melhorar sua sorte nas eleições.
Por temer a deportação, argumentam, muitos imigrantes ilegais evitarão fazer o censo e isso diminuirá a população em estados com muitos imigrantes como Nova York ou Califórnia, que são majoritariamente democratas. Isto poderia provocar uma redução nos fundos federais para estes estados e potencialmente menos assentos no Congresso.
O juiz do distrito de Manhattan Jesse Furman decidiu, em uma sentença de 277 páginas, que a inclusão da pergunta no censo de 2020, a pedido do secretário de Comércio, Wilbur Ross, "embora não viole a Constituição, é ilegal por uma série de razões".
Ross "fracassou em considerar vários aspectos importantes do problema, ignorou ou escolheu ao seu gosto ou mal-interpretou a evidência arquivada anteriormente a ele, agiu irracionalmente" e não pôde justificar sua decisão de mudar políticas passadas, afirmou o juiz federal.
A demanda contra o governo foi apresentada por 18 estados, cidades e jurisdições, assim como grupos pró-imigrantes ou de defesa dos direitos civis.
O governo não pode "manipular o censo como parte de uma agenda supremacista branca, liderada por Kris Kobach e Steve Bannon", comemorou Steve Choi, diretor-executivo da Coalizão para a Imigração em Nova York (NYIC), um dos demandantes, em alusão a dois aliados de Trump que são ferrenhos opositores da imigração.
O governo não anunciou ainda a apelação, mas através do Departamento de Justiça, se disse "decepcionado".
"Nosso governo tem a autoridade legal para incluir uma pergunta sobre cidadania no censo e as pessoas nos Estados Unidos tem uma obrigação legal de responder", disse a porta-voz, Kelly Laco.
"Voltar a incluir a pergunta sobre cidadania protege o direito a votar e contribui a assegurar eleições livres e justas para todos os americanos", acrescentou.
Outras cinco demandas contra o governo sobre o mesmo tema ainda estão em aberto.
Vinte e quatro milhões de pessoas que não são cidadãs vivem nos Estados Unidos, inclusive 10,7 milhões de ilegais.
O presidente Donald Trump realiza uma cruzada contra os imigrantes ilegais, sobretudo hispânicos, e defende a construção de um polêmico muro ao longo dos mais de 3.200 km de fronteira com o México.
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