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Estado de Minas

City de Londres se preocupa com riscos de um Brexit sem acordo


postado em 07/01/2019 15:20

O Brexit vai custar entre 3 mil e 12 mil empregos ao setor financeiro britânico, garantiu nesta segunda-feira Catherine McGuinness, uma das principais diretoras da City of London, pedindo para o governo evitar o pior cenário possível: uma saída da União Europeia (UE) sem acordo.

"Dez anos se passaram desde a crise financeira, e o menos desejável agora é uma desestabilização dos serviços financeiros e dos mercados", lamenta uma das principais diretoras do lobby financeiro de Londres, em entrevista à AFP.

Os empresários não escondem sua inquietação dias antes de uma votação crucial no Parlamento britânico sobre o acordo negociado com Bruxelas, que conta com uma forte rejeição, o que amplia o temor de uma ruptura brutal.

"Levada em conta a incerteza política atual, é muito difícil se pronunciar. Nós nos preocupamos com os riscos ligados a uma ausência de acordo, que achamos que seriam negativos para os consumidores e as empresas no Reino Unido e na UE", afirma McGuinness.

"É importante que os reguladores e as instituições tomem todas as medidas para evitar uma confusão desnecessária", afirma ainda a integrante de um dos centros financeiros mais importantes do mundo.

Para este lobby, os preparativos para um Brexit sem acordo devem ser adiantados: embora tranquilizada pelas propostas europeias destinadas a facilitar o acesso às câmaras de compensação estabelecidas no Reino Unido, o distrito financeiro de Londres se preocupa com o atraso na adaptação do enorme mercado de produtos derivados e contratos de seguros.

- 'Não saímos da Europa' -

"Saímos da União Europeia, mas não saímos da Europa", disse ela à AFP em Guildhall, o palácio centenário e majestoso onde ficam os serviços administrativos da City, à sombra de imponentes arranha-céus.

Contudo, as consequências do Brexit já começam a ser sentidas, porque a maioria dos grandes bancos presentes em Londres anunciaram a migração de funcionários para o continente.

Esses gigantes internacionais das finanças tentam limitar os abalos após o Brexit, que vai lhes privar de um passaporte financeiro europeu - o que atualmente lhes permite comercializar no continente a partir de Londres.

"Estimamos que entre 3 mil e 12 mil postos de trabalho" terão saído do Reino Unido até o fim de março, data prevista para o Brexit, afirma McGuinness, lembrando, contudo, que este número é inferior às previsões anunciadas logo após o referendo de 2016.

- Êxodo em massa -

Em um estudo publicado na segunda-feira, o gabinete EY considera que, desde o referendo sobre o Brexit, em junho de 2016, foram transferidos cerca de 800 bilhões de libras em ativos do Reino Unido para a UE.

No longo prazo, a City não sabe o que o futuro reserva, enquanto impera a incerteza sobre a futura relação comercial com a UE.

Os europeus parecem pouco favoráveis a incluir o setor financeiro em um vasto acordo de livre-comércio - como pede o ministro de Finanças britânico, Philipp Hammond. Em vez disso, propuseram um regime de equivalências, que Londres critica pois seria revogável a qualquer momento.

"Em nossa opinião, as regras de equivalência estão incompletas, cobrem apenas parte das atividades realizadas em Londres, são muito políticas e muito precárias", opina a diretora.

Contudo, a City de Londres não cede ao pessimismo, segura da capacidade da capital britânica de conservar seu status de praça financeira global.

"Não prevemos um êxodo de empregos em massa porque as atividades realizadas aqui superam em muito o marco europeu", afirma McGuinness.

A diretora considera que seus concorrentes "naturais" são mais Nova York e Singapura que Paris ou Frankfurt e confia no crescente desenvolvimento da "fintech", ou tecnologia financeira, e das finanças ambientalmente responsáveis para compensar nos próximos anos os efeitos negativos do Brexit.


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