Jornal Estado de Minas

Bilionário russo que morreu na Inglaterra não foi envenenado, diz Justiça

O bilionário russo Alexander Perepilichny, que morreu repentinamente em 2012 na Inglaterra depois de ajudar a revelar uma suposta trama de lavagem de dinheiro, faleceu de causas naturais, concluiu nesta quarta-feira (19) uma investigação judicial iniciada quando, há anos, surgiram suspeitas de envenenamento.

Perepilichny, que era banqueiro de investimentos em Moscou antes de se exilar no Reino Unido, faleceu de forma repentina em 10 de novembro de 2012, aos 44 anos, após cair enquanto corria perto de sua casa, em Surrey (sul da Inglaterra).

O juiz Nicholas Hilliard determinou nesta quarta-feira que ele morreu por causas naturais, concretamente pela Síndrome de Morte Súbita Arrítmica (SADS).

"É improvável que Perepilichny tenha sido envenenado, levando em conta todas as provas que tivemos", afirmou. "Estou satisfeito de poder concluir que é mais provável que tenha morrido por causas naturais, a saber, pela SADS".

Após a morte do bilionário, a Polícia britânica concluiu que havia ocorrido por causas naturais. Mas provas adicionais solicitadas por uma companhia de seguros revelaram a presença em seu corpo de uma molécula associada com o gelsemium, uma planta tóxica originária da Ásia.

Assim, foi iniciada uma longa investigação judicial que durou mais de dois anos.

Perepilichny se instalou no Reino Unido em 2009 e ajudou um crítico do Kremlin, o investidor Bill Browder, a provar as acusações de que funcionários russos desviaram 230 milhões de dólares de seu fundo de investimentos Hermitage Capital.

A fraude havia sido inicialmente revelada pelo advogado Sergei Magnitski - próximo a Perepilichny -, cuja morte em detenção no fim de 2009 na Rússia provocou uma tormenta diplomática entre Moscou e várias capitais ocidentais.

Durante uma audiência em 2016, advogados da Hermitage afirmaram que Perepilichny havia recebido ameaças de morte e foi assassinado porque estava ajudando o fundo de investimentos.

O bilionário também ajudou a Hermitage a entender os circuitos financeiros usados para lavar o dinheiro procedente deste golpe que Magnitski, convertido em um emblema da luta anticorrupção na Rússia, denunciou em 2008.

Presente na audiência de quarta-feira, Browder afirmou que o juiz não teve elementos suficientes para determinar o ocorrido devido à "incompetência policial na investigação".

"Perderam as amostras estomacais, perderam os arquivos do computador de Perepilichny, perderam os registros financeiros, nunca o trataram como uma cena de crime e, como resultado, não chegaram a conclusão alguma sobre o que aconteceu", denunciou.

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