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Estado de Minas

Guterres alerta que planeta não pode se permitir fracassar na COP24


postado em 12/12/2018 16:50

"Pode soar como um apelo dramático, e é exatamente isso". O secretário-geral da ONU, António Guterres, exortou nesta quarta-feira (12) a comunidade internacional a superar suas diferenças para relançar a luta contra a mudança climática, a dois dias do término da COP24, em Katowice.

"As questões políticas essenciais ainda não foram resolvidas", constatou Guterres, que voltou à cidade polonesa onde cerca de 200 países estão reunidos para acordar as regras de aplicação do Acordo de Paris de 2015, que busca limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2ºC.

"Desperdiçar esta oportunidade comprometeria nosso maior trunfo para frear a mudança climática. Não seria apenas imoral, mas suicida", insistiu, em um discurso feito às delegações nacionais.

Apesar dos informes científicos serem cada vez mais alarmantes e das condições extremas como ondas de calor e secas já estarem sendo registradas em várias regiões do mundo, a comunidade internacional está esbarrando em muitos obstáculos para chegar a um acordo nesta 24ª Conferência do Clima da ONU, que começou em 2 de dezembro sob a presidência polonesa.

- EUA questionam a ciência -

"Nesta COP, alguns estão ficando deprimidos, outros estão se desesperando", resumiu nesta quarta-feira a presidente da fundação norueguesa EAT, Gunhild Stordalen.

O contexto geopolítico atual também não convida ao otimismo: além da saída anunciada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, a incerteza sobre a permanência do Brasil sob o futuro governo de Jair Bolsonaro ou a revolta dos "coletes amarelos" na França contra uma taxa ecológica sobre os combustíveis parecem estar afetando o processo.

Estados Unidos, Rússia, Arábia Saudita e Kuwait se recusaram, além disso, a aceitar as conclusões do último informe do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que alerta sobre as consequências nefastas que um aumento superior a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais teria para o planeta.

"Não é uma boa notícia, mas não podemos nos permitir ignorá-la", disse Guterres.

As negociações estão estagnadas na elaboração das regras para aplicar o Acordo de Paris. Os países ricos, por exemplo, pressionam para que, em termos de transparência, as normas comuns para calcular as reduções de emissões de cada país sejam o mais exigentes possível, enquanto os demais Estados afirmam necessitar mais tempo e muito dinheiro.

- Dinheiro e justiça social -

"Nesta COP, já deveríamos ter avançado em toda a parte de implementação e de regulamentos", mas "não estão encontrando os consensos necessários e há países que estão tentando diluir alguns temas, como o compromisso dos países desenvolvidos com os países em desenvolvimento", disse na terça-feira o chanceler boliviano, Diego Pary.

Apesar disso, a ministra espanhola do Meio Ambiente, Teresa Ribera, nomeada cofacilitadora do grupo de transparência, se mostrou confiante, nesta quarta-feira, de que se chegará a um acordo, explicando que "não há nenhum problema substancial".

Na questão financeira, os países pobres pedem aos ricos que concretizem sua promessa de elevar a 100 bilhões de dólares por ano a ajuda para que se adaptem ao aquecimento.

Também não se está avançando no objetivo de elevar, nos próximos dois anos, as metas nacionais de redução de emissões de gases de efeito estufa, apesar de que com os compromissos acordados em Paris a temperatura do planeta aumentaria 3ºC até o fim do século, com consequências catastróficas.

Finalmente, outro assunto importante está sendo muito debatido pelos países: a justiça social nesta mudança, que busca que a aplicação das políticas climáticas seja acompanhada de medidas sociais, para evitar que os mais pobres saiam perdendo na transição ecológica, como pôs em evidência a revolta popular dos "coletes amarelos" na França.


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