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Estado de Minas

Portugal enfrenta onda de greves de funcionários públicos


postado em 12/12/2018 15:38

O governo socialista de Portugal, que cumpriu sua promessa de dar fim à austeridade e reduzir o desemprego, enfrenta em dezembro uma onda de greves de funcionários públicos.

As greves de ferroviários, enfermeiras, juízes, bombeiros e guardas prisionais são reflexo da frustração crescente com o governo, que tem apoio no Parlamento da esquerda radical.

No poder desde 2015, o governo português conseguiu, contudo, aproveitar o crescimento econômico para reduzir o déficit e dar fim aos cortes, o que lhe rendeu grande popularidade.

Ele conseguiu inclusive aprovar um orçamento para 2019 que reduz um pouco o imposto de renda, volta a ativar as promoções no setor público e inclui um aumento extraordinário para pensões mais modestas.

Apesar de tudo, o clima entre os funcionários públicos continua tenso.

Até aqui, neste ano, os enfermeiros têm nove meses de greves parciais e 12 dias de paralisação total do trabalho. Em dezembro, uma greve nos principais hospitais públicos do país leva ao adiamento diário de 500 cirurgias.

Os profissionais de saúde reivindicam aumento dos salários e aplicação generalizada do regime de trabalho semanal de 35 horas.

Antes do fim do ano, 11 setores da administração pública também serão afetados por cerca de 50 greves - em comparação com 15 no ano passado -, segundo dados da direção geral do emprego público.

"Não é comum assistir a uma confluência de tantos movimentos sociais que afetam tantos ofícios", disse à AFP Elisio Estanque, sociólogo da Universidade de Coimbra.

As greves gerais e as grandes manifestações que marcaram a era do resgate financeiro de Portugal (2011-2014) queriam forçar o governo anterior de direita a "reduzir a brutalidade das medidas" tomadas sob pressão dos credores.

"Hoje, em geral, a situação está pacificada, mas há categorias distintas de funcionários que se mobilizam seguindo uma lógica corporativista para exigir a volta do elevador social", afirma Coimbra, especialista em movimentos sociais.

A chegada ao poder dos socialistas, no final de 2015, graças a uma aliança sem precedentes entre a esquerda antiliberal, "levantou expectativas", segundo o pesquisador, que observa que "cada vitória em uma categoria profissional levanta novas reivindicações de outras".

"A mudança na correlação de forças no Parlamento permitiu fazer progressos importantes, mas a indignação continua", diz João Torres, membro do comitê executivo da CGTP, a maior confederação sindical portuguesa.

"Nós nunca teríamos avançado tanto na restauração do poder de compra se os socialistas estivessem sozinhos no poder", acredita.

Embora afirme estar aberto à negociação, o governo não cede no controle orçamentário. "A sociedade portuguesa ainda enfrenta um exercício de grande exigência", explicou nesta segunda-feira o ministro das Finanças, Mario Centeno, que também é presidente do Eurogroupo desde dezembro de 2017.

"A ilusão de que tudo é possível não existe mais. Portugal não pode sacrificar tudo o que conquistou em termos de estabilidade financeira", alertou o primeiro-ministro Antonio Costa há um ano.

Costa estava falando com um grupo de professores, mas queria acima de tudo fechar as portas a novas exigências, em vão. Os protestos poderiam, pelo contrário, aumentar conforme as eleições europeias de maio e as eleições legislativas de outubro se aproximam.

"Os partidos de esquerda tendem a afirmar sua independência do partido socialista, endurecendo o discurso e os protestos sindicais", diz o cientista político Antonio Costa Pinto, para quem eles "terão muito cuidado em provocar a instabilidade do governo".


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