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Estado de Minas

Ambição chinesa no setor tecnológico se choca com reticências ocidentais


postado em 11/12/2018 15:40

A ambição da China de dominar o setor de novas tecnologias e as telecomunicações se choca com a relutância dos países ocidentais, cada vez mais preocupados com um possível domínio chinês da infraestrutura vital para a segurança dos Estados.

A imprensa chinesa suspeita que a prisão no Canadá da diretora financeira da Huawei, a gigante de telecomunicações chinesa, é a mais recente tentativa do governo de Trump de cortar as asas do setor tecnológico chinês.

Antes da prisão de Meng Wanzhou em 30 de novembro, a Huawei já estava na mira de vários países ocidentais, como os Estados Unidos e a Nova Zelândia, que proibiram o acesso da número dois de smartphones à sua infraestrutura de Internet.

"A ameaça é grave. Se a Huawei perder o acesso aos mercados ocidentais lucrativos, irá comprometer a sua capacidade de crescer e financiar seus investimentos em pesquisa e desenvolvimento", disse Paul Triolo, um especialista no setor de tecnologia do escritório Eurasia Group.

Com a disputa da Huawei, está em jogo o desenvolvimento e o domínio da quinta geração de tecnologias móveis, o 5G, considerado a espinha dorsal da transição digital da economia - de veículos autônomos à inteligência artificial.

Pequim pretende se tornar a maior potência tecnológica do mundo, com seu plano "Made in China 2025".

- Dar a chave de casa para o ladrão -

Contudo, Washington teme que se a China assumir o controle do 5G, isso afete suas comunicações militares.

O governo Trump vê a Huawei como um cavalo de Troia 2.0, dado que o fundador do grupo, Ren Zhengfei, é um ex-oficial do exército chinês.

"É como se a pessoa que construiu sua casa decidisse roubá-la", brinca James Lewis, especialista em tecnologia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington sobre a ameaça percebida pelo governo americano. "Eles conhecem os planos, a rede elétrica, os acessos e até pegaram uma chave", acrescenta.

O maior perigo para a China é os Estados Unidos, que estavam por trás da prisão de Meng, proibirem empresas americanas, como Intel ou Qualcomm, de vender chips para a Huawei, ou outros produtos dos quais depende completamente.

"Seria uma catástrofe para as ambições tecnológicas chinesas, isso ameaçaria a mesma empresa (Huawei), seus fornecedores e o futuro do setor", reconhece Triolo.

Washington já adotou essa mesma estratégia com a ZTE, outra gigante chinesa que estava prestes a quebrar após o bloqueio de suas compras nos Estados Unidos, antes de ter que pagar uma multa de 1 bilhão de dólares por violar um embargo contra o Irã - a mesma acusação pela qual prenderam Meng.

- Falta de provas -

Um embargo dos Estados Unidos à venda de chips eletrônicos representaria um "enorme" revés para a Huawei, "com efeitos piores do que para a ZTE", reconhece Shi Yinhong, especialista em relações sino-americanas da Universidade de Pequim.

"Se a Huawei for afetada, a China perderá sua vantagem em 5G", acrescentou.

A diplomacia chinesa descreveu as suspeitas americanas como "ridículas" nesta segunda-feira.

"Eles não têm a menor prova de que a Huawei prejudique a segurança nacional", disse o porta-voz Lu Kang.

No entanto, outros acreditam que a relutância dos Estados Unidos está relacionada ao nacionalismo do presidente chinês Xi Jinping, que proclamou sua ambição de transformar seu país em uma potência tecnológica e de votar, em 2015, uma lei que exige que as empresas colaborem com o Estado em matéria de segurança nacional.

"Umas das principais críticas na China sobre Xi é: Não deu poder rápido demais e levou longe demais a potência chinesa?", explica o especialista Christopher Balding, da Universidade Fulbright na cidade de Ho Chi Minh.

"Ele se comportou praticamente como um dirigente totalitário e agiu da mesma forma na cena internacional, e as pessoas não gostaram nada disso", acrescentou.


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