Jornal Estado de Minas

Petromonarquias do Golfo pedem que Riad preserve grupo regional

As seis petromonarquias árabes do Golfo encerraram sua cúpula anual neste domingo (9), em Riad, sua 39ª Cúpula Anual com um apelo para preservar a existência de seu grupo regional, sem se referir à crise interna que se opõe a alguns de seus membros no Catar.

A reunião do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) foi realizada no domingo em um contexto de múltiplas crises: persistente disputa com o Catar, guerra no Iêmen e o caso Khashoggi, sobre o jornalista morto no consulado de Istambul.

Apesar do convite, o emir do Catar, xeque Tamim ben Hamad Al-Thani, não viajou a Riad e foi representado pelo número dois da sua diplomacia, o secretário de Estado das Relações Exteriores, Sultan al-Merrikhi.

O comunicado final da reunião pediu "para preservar o poder, a unidade e a força do CCG", sem mencionar a crise com o Catar.

Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Ahmad ben Saïd al-Remihi, denunciou no Twitter "uma declaração final que não menciona o bloqueio imposto ao Catar e os meios para resolvê-lo" e pediu aos países do Golfo que "enfrentem os problemas reais do GCC ".

Este pequeno e riquíssimo Estado continua sendo marginalizado por seus poderosos vizinhos, como Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, que o acusam de apoiar grupos islamistas radicais e de estreitar seus vínculos com o Irã.

"Os irmãos do Catar sabem o que precisa ser feito para voltar a ser um membro ativo do CCG", disse o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel al-Jubeir, em uma entrevista coletiva no final da cúpula de Riad.

O Bahrein, outro membro do CCG, e Egito também participam do embargo ao Catar.

Apesar da ausência do emir catariano, o rei Salman, da Arábia Saudita, defendeu, em um breve discurso inaugural, a necessidade de "preservar a entidade que é" o CCG.

Ele acusou o Irã de "continuar se intrometendo nos países da região".

"Isso nos pressiona a preservar as garantias dos nossos países e a defender, em colaboração com nossos sócios, a segurança e a estabilidade no Golfo", acrescentou.

O rei saudita defendeu ainda a intervenção de seu país no Iêmen desde 2015 e disse desejar uma "solução política" para este território, assim como na Síria.

Já o emir do Kuwait, xeque Sabah al-Ahmed al-Sabah, na tentativa de mediar o choque entre o Catar e seus vizinhos, pediu que se contenha a crise, a mais grave da história do CCG.

Nesse sentido, pediu que "se ponha fim às campanhas da imprensa que semearam a discórdia para preparar o terreno para uma reconciliação".

Em junho de 2017, Arábia Saudita, Emirados, Bahrein e Egito romperam seus laços diplomáticos, econômicos e sociais com o Catar. Recentemente, este último anunciou que abandonará em janeiro a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

O CCG também conta com Omã e Kuwait como membros. Nenhum dos dois participa do embargo ao Catar.

Surgida em 1981 para enfrentar o regime iraniano dos aiatolás, essa aliança regional CCG teve sua pertinência questionada nos últimos anos.

Ao fim da sessão plenária, os participantes na cúpula devem continuar suas conversas a portas fechadas antes de divulgarem um comunicado final à noite.

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