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Estado de Minas

Trump promete paz pós-eleições, mas acirra clima político


postado em 08/11/2018 19:07

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu paz após as polarizadas eleições, mas, nesta quinta-feira (8), o clima político está ainda mais acirrado depois que ele colocou em dúvida a continuidade da investigação da trama russa e intensificou sua guerra contra os jornalistas.

Nada provoca mais a fúria de Trump do que a investigação independente dirigida pelo procurador especial Robert Mueller, que o presidente considera uma "caça às bruxas".

Mueller busca esclarecer se houve conluio entre a campanha de Trump e agentes russos para prejudicar a adversária democrata Hillary Clinton. Além disso, quer determinar a possível obstrução da investigação por parte do próprio Trump, o que poderia derivar em um julgamento político.

Trump, que muitas vezes ameaçou acabar com o trabalho de Mueller, deu na quarta-feira o primeiro possível passo nessa direção quando demitiu o procurador-geral, Jeff Sessions, que havia se recusado a supervisioná-la por ter participado da campanha. Em seu lugar colocou Matthew Whitaker, crítico do trabalho de Mueller.

A substituição de Sessions, que Trump anunciou com um tuíte, gerou consternação em Washington, onde políticos do governante Partido Republicano e da oposição democrata advertiram que a interferência política na investigação feita por Mueller não pode ser tolerada.

Os democratas, que a partir de janeiro controlarão a Câmara baixa do Congresso, veem Trump perto de cruzar essa linha.

"O império da lei está desaparecendo diante de nossos olhos", tuitou Sally Yates, que foi vice-procuradora-geral do antecessor de Trump, Barack Obama, e brevemente procurador-geral de Trump. "Quer um amigo político que o proteja da investigação de sua própria campanha", disse.

- 'Inimigo do povo' -

Trump sabe que irá enfrentar uma oposição direta depois que os democratas conseguiram a maioria na Câmara de Representantes depois das eleições de terça-feira.

Mas como os republicanos também aumentaram a sua maioria no Senado, Trump sugeriu que um Congresso dividido dá a oportunidade de uma cooperação bipartidária, algo que falta em Washington.

Em uma entrevista coletiva na quarta-feira, afirmou que existe "amor" de todos os aldos. Mas o amor acabou assim que os repórteres começaram a fazer perguntas que Trump considerou ofensivas.

Jim Acosta, da CNN, que regularmente entra em confronto com Trump e sua porta-voz, Sarah Sanders, incomodou o presidente ao perguntar se havia demonizado os imigrantes durante a recente campanha eleitoral e depois continuou com os questionamentos sobre a investigação de Mueller.

Exasperado, Trump ordenou que ele largasse o microfone, mas Acosta se negou e o presidente o chamou de "inimigo do povo" e "pessoa rude e terrível".

Na acalorada discussão, transmitida ao vivo pela televisão, foi seguida por críticas de Trump a outros jornalistas. Horas depois, a Casa Branca, em uma medida extremamente incomum, revogou o credenciamento de imprensa de Acosta.

Nesta quinta-feira, a Casa Branca foi acusada de divulgar no Twitter um vídeo armado para fazer com que Acosta parecesse mais agressivo ao se defender da assistente de imprensa que tentou tirar seu microfone.

"Respaldamos a nossa declaração", disse Sanders. "A pergunta é: o repórter encostou ou não (na assistente)? O vídeo é claro, ele fez isso", disse.

- 'Crise constitucional' -

Os embates entre Trump e jornalistas às vezes podem parecer circenses, mas, segundo analistas, o difícil temperamento do presidente mostra uma falta de respeito não só às regras de Washington, mas provavelmente à lei.

Essas preocupações estão agora focadas no futuro da investigação de Mueller, que começou analisando os supostos vínculos da campanha de Trump com os russos que tentavam interferir na eleição, e se expandiu às turvas finanças do bilionário presidente, incluindo seus negócios com a Rússia.

A possibilidade de Mueller chegar aos segredos financeiros da família Trump irritou o presidente.

"Acharam que era conluio. Não há conluio", disse Trump na quarta-feira. "Foram atrás de pessoas com questões fiscais de anos atrás. Foram atrás de pessoas com empréstimos e outras coisas. Não tinha nada a ver com a minha campanha".

Ao se recursar a supervisionar a investigação, Sessions colocou a questão nas mãos de seu vice, Rod Rosenstein, tornando mais difícil para Trump influenciar a investigação. Mas agora Whitaker será o novo chefe de Mueller e tudo indica que demonstrará sintonia com o presidente.

Whitaker não discutiu o tema desde que foi nomeado, mas no passado questionou o trabalho de Mueller.

O principal democrata no Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, Adam Schiff, disparou os alarmes.

"A interferência na investigação do procurador especial pode causar uma crise constitucional e minar o Estado de direito. Se o presidente tentar interferir na administração imparcial da justiça, o Congresso deve detê-lo. Ninguém está acima da lei", declarou.

É "imperativo" não interferir na investigação de Mueller, disse a senadora republicana Susan Collins.


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