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Estado de Minas

Casa Branca retira credencial de jornalista da CNN após bate-boca com Trump


postado em 08/11/2018 13:37

A Casa Branca anunciou, na quarta-feira (8), que retirou, "até novo aviso", a credencial do repórter Jim Acosta, da rede CNN, que horas antes teve uma tensa discussão com o presidente Donald Trump, durante uma entrevista coletiva.

Um Trump visivelmente irritado classificou o jornalista Jim Acosta de "inimigo do povo" e "pessoa horrível", depois que o correspondente da CNN na Casa Branca se negou a cumprir uma ordem do presidente de se sentar e entregar o microfone durante uma entrevista coletiva um dia depois das eleições de meio de mandato.

"A Casa Branca está suspendendo o passe do repórter envolvido até novo aviso", disse a porta-voz da presidência, Sarah Sanders, horas após o incidente, referindo-se a Acosta. Depois disso, ele mesmo publicou um tuíte contando que seu acesso à Casa Branca estava vetado.

O bate-boca começou depois que o jornalista segurou o microfone e insistiu em perguntar ao presidente sobre os migrantes centro-americanos que marcham para os Estados Unidos em caravanas.

O presidente gritou "Chega", e uma estagiária tentou sem sucesso tirar o microfone das mãos do repórter.

"O presidente Trump acredita em uma imprensa livre e espera e dá as boas-vindas às perguntas difíceis para ele e sua administração", disse Sanders em sua declaração.

"Nunca toleraremos, porém, que um repórter ponha suas mãos sobre uma mulher jovem que está tentando fazer seu trabalho como estagiária da Casa Branca. Esta conduta é absolutamente inaceitável", afirmou.

No Twitter, Acosta rebateu a acusação de má conduta: "Isso é uma mentira".

Na mesma rede social, vários jornalistas de Washington que haviam assistido à coletiva de imprensa manifestaram seu apoio a ele.

"A secretária Sanders mentiu", disse a CNN, em um comunicado, assegurando que a suspensão da credencial foi "em represália por perguntas desafiadoras".

Sanders "fez acusações fraudulentas e citou um incidente que nunca aconteceu", frisou a emissora.

"Esta decisão sem precedentes é uma ameaça à nossa democracia, e o país merece algo melhor. Jim Acosta tem todo nosso apoio", acrescentou a CNN.

- 'É inaceitável' -

A associação que representa os jornalistas acreditados na Casa Branca também criticou a suspensão da credencial de Acosta, considerando a medida "inaceitável".

"A Associação de Correspondentes da Casa Branca se opõe fortemente à decisão do governo Trump de usar as credenciais (...) como uma ferramenta para castigar um repórter com o qual tem uma relação difícil", disse o grupo em um comunicado.

"Retirar o direito de acesso ao complexo da Casa Branca é uma reação exagerada e é inaceitável", acrescentou.

Já a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) denunciou hoje a "violência verbal" do presidente Trump em relação à imprensa, assim como a sanção contra Acosta.

Durante uma entrevista coletiva ontem sobre os resultados das eleições ao Congresso, "o presidente dos Estados Unidos afirmou de novo que os veículos de comunicação são 'o inimigo do povo', enquanto atacava o jornalista da CNN Jim Acosta", condenou a FIJ, em sua conta no Twitter, classificando a situação de "inaceitável".

"Estamos consternados com a violência verbal do presidente contra a imprensa e as tentativas de privar o jornalista do microfone para impedi-lo de fazer perguntas que incomodam (...) É intolerável", considerou a FIJ, exigindo da Casa Branca que devolva imediatamente a credencial a Acosta.

O episódio de ontem foi o último de um longo histórico de divergências entre Trump e Acosta.

Na entrevista coletiva, quando Acosta perguntou ao presidente se havia "demonizado os migrantes" durante a campanha para as eleições de meio de mandato de terça-feira, Trump respondeu: "Não, quero que entrem no país. Mas têm que entrar legalmente".

Acosta insistiu: "Estão a centenas de milhas de distância. Isso não é uma invasão", declarou, usando a palavra com a qual Trump definiu a onda migratória.

Nesse ponto, o presidente o atacou.

"Honestamente, acho que você deveria me deixar dirigir o país, e você dirige a CNN. Se fizesse isso bem, sua audiência seria mais alta", disse Trump.

"A CNN deveria se envergonhar de ter você trabalhando para eles. Você é rude e uma pessoa horrível", continuou.

Antes da próxima pergunta, o jornalista da NBC Peter Alexander defendeu Acosta, dizendo que era um "repórter diligente". Também foi alvo da ira de Trump.

"Também não sou seu fã. Para ser honesto, você não é o melhor", disse o presidente a Alexander, voltando-se para Acosta em seguida.

"Quando você informa 'fake news', o que a CNN faz muito, você é o inimigo do povo", insistiu.

Em resposta, a CNN disse que "os ataques deste presidente à imprensa foram longe demais".

"Não são apenas perigosos, são preocupantemente antiamericanos", alertou a emissora.

Ao final da coletiva, que durou quase uma hora e meia, Trump disse esperar que "o tom possa melhorar (com a imprensa), mas (isso) começa com os jornais".


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