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Estado de Minas

Americano de origem mexicano-palestina tenta vaga no Congresso


postado em 05/11/2018 17:29

Seu oponente republicano foi indiciado por fraude, as doações fluem para os cofres de sua campanha e uma grande marca de sorvete americana nomeou um sabor em sua homenagem.

Mas Ammar Campa-Najjar ainda enfrenta uma dura batalha na tentativa de obter um assento no Congresso nas próximas eleições de meio de mandato nos Estados Unidos - notavelmente por causa de sua ascendência mexicano-palestina e ao fato de ser um democrata disputando o cargo por um distrito conservador da Califórnia.

"Eu gostaria que esta disputa fosse apenas sobre questões urgentes", suspirou o candidato de 29 anos ao discursar recentemente em um comício no norte de San Diego, reconhecendo que alguns daqueles que estiveram no evento não votarão nele.

Ele, então, menciona rapidamente o elefante na sala - sua ascendência palestina e a participação de seu avô no massacre dos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, quando o grupo terrorista palestino conhecido como Setembro Negro matou 11 atletas israelenses e um policial alemão.

"As pessoas tentam me rotular de qualquer maneira", declarou aos presentes, majoritariamente idosos. "Precisamos moderar o tom".

Ele ressalta que vive afastado do pai palestino desde os 6 anos, que se converteu ao cristianismo por opção, foi criado pela mãe mexicano-americana e recebeu do FBI uma autorização de segurança.

Com isto fora do caminho, ele se lança à explicação sobre seus pontos de vista a respeito de imigração, saúde, legislação sobre armas e impostos.

- Impulsionado para a linha de frente -

As chances de Campa-Najjar vencer as eleições em um distrito solidamente republicano eram consideradas nulas até o ocupante do cargo, Duncan Hunter, e sua esposa serem indiciados em agosto por mau uso de US$ 250 mil de recursos de campanha para financiar um estilo de vida extravagante.

De repente, o jovem candidato, que nunca ocupou um cargo eletivo, mas teve diferentes trabalhos na administração Obama, foi impulsionado para a linha de frente da batalha democrata para conquistar o controle do Congresso nas legislativas de 6 de novembro.

Doações e endossos começaram a aparecer, à medida que as cifras referentes a Hunter começaram a cair em várias pesquisas e a corrida se tornou mais competitiva. A fabricante de sorvetes Ben & Jerry's chegou a lançar um novo sabor - Ammar-etto American Dream - em homenagem a Campa-Najjar.

Embora Hunter ainda seja apontado como o provável vencedor, apesar de seus problemas legais, a brecha entre os dois candidatos diminuiu à medida que as eleições se aproximam. O site de aglutinação de pesquisas FiveThirtyEight atribuiu a Hunter esta semana 77% de chances de vitória contra 90% no começo de outubro.

- Campanha difamatória -

A ofensiva do congressista indiciado contra Campa-Najjar se concentrou em sua ascendência palestina, falsamente insinuando que ele teria ligações com o terrorismo e seria um "islamita" tentando se infiltrar no Congresso.

Campa-Najjar, por sua vez, denunciou seu oponente como um "infrator da lei ao invés de um legislador" e destaca ter nascido 16 anos depois de seu avô - acusado de ser um dos mentores do massacre de Munique, em 1972 - foi morto por forças israelenses em retaliação.

"Hunter está tentando transformar esta disputa em uma entre um congressista indiciado e uma ameaça à segurança", explicou à AFP em uma entrevista. "Mas acontece que ele é as duas coisas ao mesmo tempo".

Ele disse estar consciente de que está travando uma batalha na ascendente, mas espera que alguns eleitores republicanos sejam repelidos pelas táticas de seu oponente e por seu indiciamento criminal e lhe deem uma chance.

"Existe uma oportunidade aqui para construir caminhos com pessoas que de outra forma não pensariam que haveria qualquer alinhamento entre mim e elas", disse.

"Realmente é hora de colocar o país acima do partido", acrescentou. "O partidarismo foi longe demais".

Entre os entrevistados no distrito de Campa-Najjar's durante um festival recente na cidade de Fallbrook, norte de San Diego, vários disseram que sua mensagem as tocou, mas outras declararam que vão votar em Hunter, apesar das acusações criminais que pesam sobre o candidato republicano.

"Vou votar em Hunter porque a alternativa é inaceitável", disse Greg Incledon, um aposentado de 59 anos.

"Quer dizer, de onde vem esse cara? Ele não é daqui", emendou, referindo-se a Campa-Najjar, que nasceu na região de San Diego.

Lorna May, de 55 anos, disse que vai votar em Hunter, não porque ele tenha a convencido como candidato, mas porque ela apoia o presidente Donald Trump.

"Eu acho que ele (Hunter) é um bandido como muitas outras pessoas, mas vou votar em um republicano", disse ela.

Para Dan Ahrensberg, de 83 anos, a escolha é pelo menos pior.

"Sou registrado (no partido) republicano, mas vou votar em Campa-Najjar", afirmou.

"Estou enojado com os dois lados", acrescentou. "Eu não acho que este país vai ter uma boa representação".

"A liderança cheira muito mal e o partido é tudo o que importa, não o povo", concluiu.


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