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Estado de Minas

Primeira Guerra, um conflito de 52 anos decidido no front ocidental


postado em 05/11/2018 10:17

A Primeira Guerra Mundial foi, acima de tudo, um gigantesco conflito europeu, cujo fim se decidiu no front ocidental, na França e na Bélgica, onde foram travadas as batalhas mais sangrentas.

A guerra também deixou milhões de mortos nos demais fronts europeus: Rússia, Bálcãs, Itália. E, devido aos impérios, alcançou rapidamente todos os continentes: os domínios britânicos se mobilizaram, a África colonial foi cenário de combates, assim como a Ásia, onde o Japão conquistou as possessões alemãs a partir de agosto de 1914.

A intervenção dos Estados Unidos, tardia, mas decisiva, provocou em 1917 a incorporação de vários países da América Latina no conflito. No Oriente Médio, onde houve múltiplos confrontos durante quatro anos, suas fronteiras ficaram totalmente transformadas a partir do conflito.

Mas o front ocidental foi, durante quase toda a guerra, o objetivo principal dos beligerantes. Foi ali, em uma linha de mais de 700 km entre o Mar do Norte e a Suíça, onde se concentrou o maior número de combatentes e ali onde foram travadas as batalhas míticas da guerra, que deixaram um número assustador de vítimas.

Como os soldados puderam resistir às suas miseráveis condições de vida? Talvez como consequência da disciplina militar, da solidariedade entre eles ou da pressão dos civis. E provavelmente graças a um forte patriotismo difícil de entender hoje em dia.

- Uma impossível vitória rápida -

O início dos combates foi estrondoso. Em agosto de 1914, os franceses tentaram em vão abrir caminho entre as forças alemãs na região de Lorena (nordeste), enquanto o Exército germânico atravessava com sucesso a Bélgica, antes de castigar as tropas francesas e se dirigir a Paris, então abandonada por seus moradores e pelo governo, que se instalou em Bordeaux no começo de setembro.

A terra ficou encharcada de sangue: 27.000 soldados franceses morreram no sábado, 22 de agosto, o dia mais letal de toda a história do Exército francês.

No entanto, em setembro, durante a batalha do Marne, um enorme enfrentamento frontal, que deixou meio milhão de mortos, Joseph Joffre bloqueou as tropas de Helmut von Moltke antes de expulsá-las para o norte.

Sem esta batalha, famosa porque o Exército francês confiscou táxis parisienses para levar reforços ao front, a guerra poderia ter terminado em algumas semanas com uma vitória alemã.

A partir de então, a violência dos bombardeios obrigou os combatentes a se esconder nas trincheiras, e o conflito virou uma guerra de desgaste. Nenhum estrategista tinha antecipado este cenário e as tentativas de avanço dos dois lados, qualificados às vezes de "massacres" ou "carnificinas", não teriam nenhum resultado real antes de 1918.

- Guerra de movimento rumo ao leste-

No front leste, menos populoso, a situação foi totalmente diferente. Era impossível cavar trincheiras em espaços tão extensos e por isso a guerra foi uma guerra de movimento.

A partir de 1914, os otomanos, aliados da Alemanha, fecharam os estreitos para isolar a Rússia. Esta lançou imediatamente uma grande ofensiva contra a Prússia Oriental, que resultou em duas duras derrotas em setembro, em Tannenberg e nos lagos Massurianos.

Para o império dos czares, que logo seria derrubado pela Revolução de 1917, começou um longo retrocesso para o leste, que terminou com o humilhante tratado de Brest-Litovsk, assinado em março de 1918 pelo novo governo bolchevique com os impérios centrais. A nova Rússia perdeu, então, seus territórios ocidentais e mais de 30% de sua população.

No oeste, o ano de 1915 foi marcado por grandes e inócuas ofensivas do Exército da França no leste do país. Os soldados sofreram as consequências da guerra moderna, na qual metralhadoras e artilharia não deixavam opção aos ataques da infantaria. Os alemães usaram gás de combate na cidade belga de Ypres, uma novidade que suscitou grande indignação mundial.

- Desastre nos Dardanelos -

No mesmo ano, a ofensiva naval e terrestre dos Dardanelos com a qual os Aliados queriam liberar os estreitos deu lugar a uma derrota humilhante diante do Império otomano. Aquela operação foi uma experiência iniciática para muitos jovens australianos e neozelandeses cuja identidade nacional se forjou em parte nestes combates desesperados.

No entanto, os russos detiveram os otomanos no Cáucaso e na Armênia. A partir dessa batalha, centenas de milhares de armênios foram massacrados pelos otomanos, que os acusavam de apoiar o inimigo russo.

As forças navais britânicas e alemãs se enfrentaram no Mar do Norte. A Alemanha, que queria impor um bloqueio marítimo como resposta ao bloqueio que sofria, lançou em 1915 uma impiedosa guerra submarina. Foi uma decisão estratégica pouco acertada, que acabou incitando os americanos, indignados com o torpedeamento alemão de embarcações neutras ou que transportavam civis americanos, como o "Lusitania", a entrar na guerra.

- Verdun, o símbolo -

Verdun marcou o ano de 1916. Os alemães lançaram ali em fevereiro uma enorme ofensiva, mas os franceses resistiram. A batalha, ponto culminante da guerra das trincheiras, continua sendo o símbolo do conflito, devido à violência de combates sangrentos que deixaram cerca de 800.000 mortos e feridos nos dois lados.

Em julho, as forças britânicas empreenderam a ofensiva do Somme, a maior batalha da guerra, que deixou 1,2 milhão de vítimas. Mas, uma vez mais, o avanço decisivo que esperavam os estrategistas não ocorreu e o enfrentamento marcou profundamente os britânicos e os alemães.

No Oriente Médio, os britânicos, que tinham alternado até então as vitórias e os fracassos militares, provocaram a revolta dos árabes, aos quais prometeram a independência frente à dominação otomana. Um episódio no qual teve papel de destaque Lawrence da Arábia. Mas ao mesmo tempo, Londres e Paris já partilhavam de antemão a região com os acordos Sykes-Picot, assinados em março.

- A mudança decisiva de 1917 -

O ano de 1917 foi o da mudança, com a entrada na guerra dos Estados Unidos contra a Alemanha. Também foi o ano das últimas grandes batalhas, tão mortais quanto inúteis. O fracasso da ofensiva de Nivelle no Caminho das Damas, em abril e maio de 1917, provocou motins no Exército francês e uma revisão da estratégia militar aliada.

Em outubro, as forças italianas viveram um desastre em Caporetto, onde deixaram 300.000 prisioneiros em mãos dos austro-alemães. Mas estes, esgotados e com poucos homens e materiais, não puderam aproveitar este êxito.

No final de 1917, a guerra se acelerou para o sul: o general britânico Edmund Allenby entrou em Jerusalém, depois de o Reino UNido se declarar favorável ao estabelecimento de um lar nacional para o povo judeu na Palestina, contradizendo as promessas feitas aos árabes.

No front ocidental, a Alemanha, que tinha se livrado da Rússia no leste, jogou tudo para conquistar a vitória antes da chegada dos reforços americanos. Seu exército conseguiu por fim se desembaraçar das linhas inimigas na primavera de 1918 e voltou a se aproximar de Paris, que foi bombardeada.

- A queda alemã -

Mas os Aliados, comandados pelo general Ferdinand Foch, voltaram a conter as exauridas forças alemãs no Marne, e estas, que pareciam estar perto da vitória, sucumbiram durante o verão ante as contraofensivas aliadas e recuaram para as fronteiras.

No entanto, o Império austro-húngaro, Bulgária e os otomanos sofreram derrotas esmagadoras que os obrigaram a capitular.

Em 11 de novembro de 1918, o armistício assinado em Rethondes pelos alemães sela a vitória dos Aliados. Na França e no Reino Unido, esgotados após anos de guerra, a multidão demonstra sua alegria nas ruas. Mas em países como a Polônia, a Turquia e a Rússia, ameaçados pela guerra civil, será preciso aguardar anos de conflitos regionais sangrentos para que realmente termine a Grande Guerra.


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