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Estado de Minas

Nova Caledônia diz não à independência e decide continuar na França


postado em 04/11/2018 10:11

A Nova Caledônia votou neste domingo (4) "não" à independência e optou por permanecer na França, ao final de um referendo histórico neste estratégico território do Pacífico de 270.000 habitantes.

De acordo com resultados parciais, após a apuração de 128.618 votos, o "não" à independência vencia com 59,68% dos votos contra 40,32% a favor do "sim", segundo a autoridade eleitoral.

A participação foi massiva, cerca de 80% dos eleitores.

Os 175 mil habitantes desse arquipélago francês, localizado cerca de 1.500 quilômetros a leste da Austrália, tiveram que decidir se queriam que "a Nova Caledônia aderisse à plena soberania e fosse independente".

As pesquisas já previam uma clara vitória do "não", com entre 63% e 75%. Os resultados ainda pendentes da capital Nouméa devem ampliar o voto pelo não à independência.

Vários carros foram incendiados e pedras foram jogadas no domingo à noite, de acordo com fontes locais. Os principais líderes políticos já haviam avisado que uma vitória do "não" poderia incitar os jovens canacos (locais) e marginalizados a gerar tumultos.

O referendo neste arquipélago do Pacífico, onde a França se estabeleceu em 1853 e que dispõe de uma das maiores reservas de níquel do mundo, foi seguido de perto por Paris, a 18.000 km de distância.

O presidente francês, Emmanuel Macron, fará um discurso às 23h00 (10h00 no horário de Brasília), após o anúncio dos resultados.

Para garantir o desenvolvimento adequado do plebiscito, o Estado enviou 250 delegados, além de contra com a presença de observadores da ONU nas seções eleitorais.

Macron manteve oficialmente uma posição neutra e não quis "tomar partido" durante a campanha do referendo. No entanto, disse que "a França seria menos bonita sem a Nova Caledônia", durante uma visita em maio à Nouméa, uma declaração que reflete a natureza estratégica deste arquipélago.

Para o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, este referendo marca "o começo da Nova Caledônia que quer construir um futuro".

- "Campanha muito tranquila" -

O referendo previsto após o acordo de Nouméa de 1998 também deve servir para reconciliar os canacos, que representam menos de 40% da população, e os caldoches de origem europeia.

Durante os anos 1980, houve uma sucessão de confrontos violentos na Nova Caledônia, cujo episódio mais trágico foi a tomada de reféns na ilha de Ouvea em maio de 1988, no qual 25 pessoas morreram, incluindo 19 separatistas canacos.

Por outro lado, a calma prevaleceu durante a campanha do referendo.

Enquanto as províncias do Norte e as Ilhas da Loyauté, de maioria independentista, se encheram de bandeiras separatistas, os defensores da unidade com a França praticamente não penduraram bandeiras.

"Este é um momento histórico que todos esperavam, mas, paradoxalmente, perdeu sua intensidade", explicou Pierre-Christophe Pantz, PhD em geopolítica.

"A campanha tem sido muito tranquila, o referendo não atraiu muita atenção", diz Pantz, que destaca que "os caledonianos acham que isso não mudará sua vida cotidiana".

- Grande desigualdade social -

Soumynie Mene, militante idependentista, de 38 anos, considerou "uma pena que as pessoas não sintam um grande interesse em um referendo que preparamos há 30 anos" e que lhes permitiria "virar a página da colonização".

O FLNKS, principal partido pró-independência, defendeu que uma vitória do "Sim" não representaria uma ruptura total com a França, mas manteria uma relação privilegiada com este país.

As formações que defendem a permanência, com fortes divisões internas, lembram que Paris contribui com ajudas anuais de 1,3 bilhão de euros (cerca de 1,4 bilhão de dólares) para o arquipélago.

Apesar de trinta anos em que a autonomia da Nova Caledônia progrediu e o reconhecimento da identidade dos canacos, continuam a haver grandes desigualdades econômicas, educacionais e trabalhistas entre a população de origem europeia este povo originário.

"Ainda há problemas de integração e um sentimento de injustiça presente na sociedade", diz Paul Fizin, doutor em História.


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