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Estado de Minas

Buscas ampliadas e crise entre Riad e aliados no caso do jornalista desaparecido


postado em 19/10/2018 11:47

A Turquia ampliou as buscas a uma floresta de Istambul na investigação sobre o desaparecimento do jornalista saudita Jamal Khashoggi, caso que provoca uma crise entre a Arábia Saudita e seus aliados ocidentais, depois que Donald Trump admitiu que o repórter provavelmente está morto.

Os investigadores turcos, que realizaram operações de busca no consulado saudita em Istambul e na residência do cônsul, passaram a se concentrar em uma floresta da cidade.

Imagens de câmeras de segurança de 2 de outubro, dia do desaparecimento de Khashoggi, mostraram que ao menos um veículo com placa diplomática entrou na floresta depois de sair do consulado, informou o canal NTV.

Além disso, a agência estatal Anadolu informou que 15 funcionários do consulado saudita - todos turcos - prestaram depoimento nesta sexta-feira ao Ministério Público da Turquia.

Khashoggi desapareceu depois de entrar no consulado da Arábia Saudita para resolver questões burocráticas antes de seu casamento com a turca Hatice Cengiz.

De acordo com a imprensa turca, o jornalista foi assassinado no consulado por uma equipe enviada de Riad.

Jornais turcos divulgaram detalhes escabrosos dos últimos minutos de vida do jornalista, supostamente em uma ação de 15 agentes sauditas que o aguardavam na representação diplomática.

A imprensa turca afirma que teve acesso a gravações de áudio nas quais os assassinos de Khashoggi o torturam - seus dedos foram cortados - antes da decapitação.

O jornal New York Times informou que a monarquia saudita tenta atribuir a responsabilidade do caso a um alto funcionário do serviço de inteligência, o general Ahmed Assiri, que é conselheiro do príncipe herdeiro Mohamed Bin Salman, conhecido como MBS.

- Acúmulo de indícios -

A divulgação na quinta-feira de novas imagens sobre o deslocamento em Istambul de um oficial do serviço de segurança ligado a "MBS" reforça as suspeitas de envolvimento da cúpula do regime de Riad no desaparecimento de Khashoggi, colunista do jornal Washington Post e que morava nos Estados Unidos desde 2017, depois de cair em desgraça com o governo saudita.

Diante do acúmulo de indícios, o presidente americano Donald Trump admitiu pela primeira vez na quinta-feira que o jornalista provavelmente está morto e alertou a Arábia Saudita para consequências "muito graves" se a responsabilidade ficar comprovada.

"Me parece que este é o caso. É muito triste", respondeu Trump à imprensa ao ser questionado se acreditava que Khashoggi está morto.

Perguntado sobre a eventual resposta de seu governo a Riad, Trump completou: "Terá que ser muito severa. É algo ruim, muito ruim".

Isto significa uma postura mais veemente da administração Trump, que até agora se mostrava relutante a culpar a Arábia Saudita, país com o qual Washington mantém estratégicas relações econômicas e geopolíticas.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo - que viajou a Ancara e Riad -, teria afirmado a Trump, no entanto, que era necessário dar mais alguns dias à Arábia Saudita "para completar uma investigação".

A Turquia negou nesta sexta-feira ter entregue aos Estados Unidos "algum tipo de gravação de áudio" sobre o que aconteceu com o jornalista saudita.

"Está fora de questão que a Turquia proporcione algum tipo de gravação de áudio a Pompeo ou a qualquer outro funcionário americano", declarou o ministro turco das Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, dois dias depois de uma visita do chefe da diplomacia americana a Ancara.

- Há gravações? -

Trump afirmou que o governo dos Estados Unidos pediu acesso às gravações, "caso elas existam".

O canal americano ABC News informou, com base em uma fonte turca, que durante a visita de Pompeo a Ancara o secretário de Estado ouviu uma gravação e teve acesso à transcrição do áudio. Pompeo negou a informação.

Diante da magnitude do caso Khashoggi, o secretário americano do Tesouro, Steven Mnuchin, anunciou na quinta-feira que não comparecerá a uma conferência econômica organizada em Riad, seguindo o exemplo de vários ministros o personalidades.

Anistia Internacional, Human Rights Watch, Repórteres Sem Fronteiras e o Comitê de Proteção dos Jornalistas pediram que o governo da Turquia solicite uma investigação da ONU sobre o caso.

Ao mesmo tempo, o governo dos Emirados Árabes Unidos, aliado próximo de Riad, advertiu contra a "politização" do caso Khashoggi e "as tentativas de desestabilização da Arábia Saudita", em uma mensagem no Twitter de seu chanceler Anwar Gargash.


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