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Estado de Minas

Arábia Saudita deve 'provar' que jornalista desaparecido deixou consulado


postado em 08/10/2018 19:30

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta segunda-feira (8) que as autoridades da Arábia Saudita "provem" que o jornalista Jamal Khashoggi, que não dá notícias desde que se apresentou no consulado de seu país em Istambul, deixou o local.

Há suspeitas de que o jornalista foi assassinado por agentes do governo saudita dentro da representação diplomática.

"As autoridades do consulado não podem se livrar dizendo apenas que ele deixou o consulado. As autoridades competentes devem provar", declarou Erdogan durante visita a Budapeste em resposta a uma pergunta sobre o mistério a respeito do desaparecimento do jornalista.

"Se ele deixou o local, vocês devem provar isso com imagens", acrescentou o presidente turco.

"As imagens dos embarques e desembarques no aeroporto de Istambul estão sendo analisadas. Há pessoas que vieram da Arábia Saudita. A Procuradoria está examinando esta questão", prosseguiu Erdogan.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se declarou "preocupado" com o desaparecimento do jornalista e disse esperar uma solução para breve.

"Estou preocupado (...). Esperamos que isto se resolva. Atualmente ninguém sabe nada a este respeito. Estão circulando histórias graves. Isto não me agrada", disse Trump aos jornalistas na Casa Branca.

No sábado, a polícia turca anunciou que 15 sauditas haviam entrado e deixado Istambul na terça-feira e que estiveram no consulado no mesmo momento que o jornalista.

Fontes turcas haviam mencionado a hipótese de assassinato, afirmando que a operação teria sido conduzida por este grupo de pessoas.

Riad negou imediatamente, chamando essas afirmações de "sem fundamento".

"É nosso papel político e humano acompanhar essa história", declarou Erdogan, que no domingo tinha dito que esperaria os resultados da investigação para se pronunciar sobre o caso.

Mais cedo nesta segunda-feira, a rede de televisão NTV informou que as autoridades turcas pediram para revistar o consulado saudita em Istambul.

O pedido foi transmitido ao embaixador saudita em Ancara, convocado pela segunda vez ao ministério das Relações Exteriores turco, segundo o canal privado.

"Foi-lhe transmitido que esperamos sua total cooperação nesta investigação", disse uma fonte do ministério, citada pela emissora e que pediu anonimato.

Riad diz que o jornalista, crítico do regime saudita e que escrevia para o Washington Post, foi ao consulado para um procedimento administrativo, mas que depois deixou o local.

Em uma entrevista à agência Bloomberg na sexta-feira, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman disse que Jamal Khashoggi realmente "entrou" no consulado, mas partiu logo em seguida. Ele convidou as autoridades turcas a "procurar" no consulado. "Não temos nada a esconder".

Khashoggi se exilou nos Estados Unidos no ano passado, temendo ser preso após criticar algumas das decisões de Mohammed bin Salman e a intervenção militar de Riad no Iêmen.

Segundo um amigo do jornalista desaparecido, Yasin Aktay, "ele foi ao consulado com hora marcada, então eles sabiam quando ele estaria lá".

Ele acrscentou que "seus amigos o alertaram, falaram que era melhor que ele não fosse, porque não era seguro. Mas ele estava confiante de que nada poderia lhe acontecer na Turquia".

A Arábia Saudita está na posição 169 de 180 no ranking mundial de liberdade de imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras.

Riad promove uma campanha de modernização desde que o príncipe Mohamed bin Salman foi designado herdeiro ao trono, em 2017. Mas a repressão aos dissidentes, com detenções de religiosos, personalidades liberais e de ativistas feministas, se acentuou desde então.

Khashoggi, que fará 60 anos em 13 de outubro, é um dos poucos jornalistas que têm criticado esta repressão.


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