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Estado de Minas

Senado americano em guerra após processo de indicação de Kavanaugh


postado em 08/10/2018 15:36

A dura batalha para ratificar o juiz Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente Donald Trump à Suprema Corte dos Estados Unidos, expôs as profundas fissuras políticas e culturais que existem no país, uma divisão que também se reflete no Senado.

Exaustos e amargurados, os 100 senadores que ocupam a Câmara Alta reconhecem que a outrora venerada instituição está em crise por causa da luta contenciosa que terminou no sábado com a confirmação de Kavanaugh.

O Senado viveu três semanas polêmicas, marcadas pelas acusações de Christine Blasey Ford, que testemunhou perante um comitê especial que Kavanaugh a agrediu sexualmente 36 anos atrás, uma denúncia que o juiz rejeitou com veemência.

Durante o processo, o senador republicano Lindsey Graham protagonizou um dos momentos mais ferozes, ao chamar a oposição dos democratas a Kavanaugh de "a farsa mais antiética desde que eu estou na política".

Os democratas se esforçaram, com o senador Richard Blumenthal acusando Trump de "encobrimento" numa tentativa de impedir que o juiz conservador fosse confirmada à mais alta instância judicial, o que equilibrará a balança da Suprema Corte para a direita.

Os manifestantes, por sua vez, expressaram seu descontentamento nos corredores do Senado, nos degraus do Capitólio e em frente à Suprema Corte dos Estados Unidos.

Poucos saíram ilesos desta guerra e muitos continuam agonizando no Senado, que já foi definido por sua civilidade e conquistas bipartidárias.

"Chegamos ao fundo do poço e certamente não temos para onde ir, senão para a superfície (...), então espero que todos aprendamos com isso e façamos melhor", disse à AFP o republicano John Cornyn.

"O processo político americano desceu a um ponto nunca visto em minha carreira política de 42 anos", afirmou, por sua vez, o senador democrata Ed Markey.

- Laços políticos "desgastados" -

A espiral descendente no Senado está em andamento há alguns anos.

Os democratas que controlavam a câmara em 2013, sob a então presidência de Barack Obama, usaram a chamada "opção nuclear" para permitir que seus candidatos a cargos judiciais, exceto à Suprema Corte, avançassem por maioria simples, em vez de atingir o limite tradicional de 60 votos.

Em 2017, o líder da maioria republicana, Mitch McConnell, usou a mesma fórmula para os indicados à Suprema Corte e, assim, levou Neil Gorsuch, o primeiro indicado de Trump, depois de bloquear o último candidato de Obama, Merrick Garland, o que enfureceu os democratas.

As discussões com vários senadores de ambos os lados sugerem que a maioria ainda acredita que é possível voltar à normalidade e à cortesia.

Markey afirmou que, embora as relações políticas entre os cem senadores tenham se "desgastado", os vínculos pessoais permanecem sólidos.

Jim Risch, um republicano de Idaho, concordou, e disse que as amizades que superam as linhas partidárias são genuínas, embora tenha admitido que não vê uma solução rápida para encurtar o que chamou de "polarização extrema" que aflige a política americana.

"Realmente não tenho uma resposta. O país está muito polarizado e os cidadãos elegem as pessoas que têm o mesmo ponto de vista para que os representem", afirmou recentemente.

"Neste momento, as feridas estão abertas", disse a senadora do Alasca Lisa Murkowski, a única republicana que rejeitou a indicação de Kavanaugh.

Sua amiga íntima, a senadora moderada republicana Susan Collins, também questionou a escolha do juiz.

Mas as duas republicanas finalmente terminaram em lados opostos, quando Collins apoiou a confirmação.

As duas se abraçaram no Senado após o término da votação. "Precisamos de uma cura", disse Murkowski a repórteres.


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