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Estado de Minas

Abstenção e violência marcam presidenciais em zona anglófona de Camarões


postado em 07/10/2018 20:18

A alta abstenção e a violência marcaram as eleições presidenciais deste domingo (7) no oeste anglófono de Camarões, onde separatistas armados haviam anunciado o desejo de impedir a votação.

Em Buea, capital da região anglófona de Sudoeste sob fortes medidas de segurança, as seções estiveram vazias durante todo o dia, constataram jornalistas à AFP.

"Ninguém vem votar, as pessoas ficaram em casa porque tiveram medo", declarou Georges Fanang, observador de um partido da oposição em uma seção eleitoral da cidade.

Neste local, apenas sete eleitores dos 420 inscritos tinham se deslocado por volta de uma hora antes do encerramento oficial da votação às 18h00 (14h00 de Brasília).

As 25.000 seções eleitorais tinham aberto às 08h00 locais (04h00 de Brasília). A difusão das tendências eleitorais está proibida em Camarões e os resultados definitivos vão demorar pelo menos uma semana. O Conselho Constitucional tem duas semanas legais para anunciá-los.

Segundo Hans de Marie Heungoup, pesquisador do International Crisis Group (ICG), "quase todas as informações que recebemos falam de um índice de participação de menos de 5%" nas regiões anglófonas de Sudoeste e Noroeste, onde mais de 300 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas.

- "Influência separatista" -

"Esta baixa participação evidencia a influência que agora têm os separatistas armados sobre estas duas regiões", disse à AFP.

"Expressa ao mesmo tempo a ruptura simbólica entre uma parte das populações anglófonas e da República de Camarões", acrescentou.

Muitas seções eleitorais não conseguiram se instalar em povoados destas regiões por medo de ataques separatistas.

Os separatistas das regiões anglófonas de Camarões cumpriram suas ameaças de perturbar a eleição presidencial em que o presidente Paul Biya, de 85 anos, é favorito.

Três homens armados, supostos separatistas, que atiravam contra transeuntes em Bamenda, na região anglófona do noroeste do país, foram mortos após uma troca de tiros com a polícia.

Na madrugada deste domingo, na mesma cidade, um tribunal foi incendiado por homens armados, segundo testemunhas.

"Não é impossível que haja malfeitores" nas regiões anglófonas, declarou à imprensa em Yaundé o ministro das Comunicações, Issa Bakary Tchiroma.

Mas, "posso assegurar que a ampla maioria dos moradores estão dispostos e querem votar".

- "Preservar a paz" -

Pouco depois, o presidente Paul Biya, no poder desde 1982 e aspirante a um sétimo mandato consecutivo, votou em Yaundé às 12h00 locais.

O chefe de Estado comemorou o clima de serenidade no qual a campanha transcorreu e expressou o desejo de que "o povo camaronês continue confiando" nele.

Frente aos sete candidatos, Biya é o favorito das eleições, apesar da guerra que se instalou no fim de 2017 no Camarões anglófono, depois de mais de um ano de crise sociopolítica que degenerou em um conflito armado.

Centenas de separatistas armados combatem com violência e diariamente o exército camaronês.

Mais de 175 membros das forças de defesa e segurança do país morreram, assim como 400 civis. Não há balanços disponíveis do lado separatista.

Na região do Extremo Norte, o exército também está mobilizado para combater os extremistas islâmicos do Boko Haram, que lançam ataques reiterados desde 2014 contra a população camaronesa.

Antes das eleições, pela primeira vez desde 1992, dois opositores de peso a Biya se aliaram contra ele.

Akere Muna, um célebre advogado, renunciou a favor de Maurice Kamto, ex-ministro que deixou o partido no poder para entrar para a oposição.

Outros candidatos que podem esperar um resultado significativo são Joshua Osih, pela Frente Social-democrata (principal partido da oposição); e Cabral Libii, o caçula das eleições, com 38 anos, e que obteve fortes mobilizações em seus comícios.


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