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Estado de Minas

De Copacabana à Rocinha, eleitores do Rio pedem mudança


postado em 07/10/2018 18:30

Fortemente divididos após uma campanha eleitoral agressiva, os moradores da capital fluminense - da favela da Rocinha a Copacabana, a turística 'princesinha do mar' - votaram neste domingo (7) com a esperança de uma mudança no país.

A seções eleitorais abriram às 08h00 em ponto na escola municipal Cícero Penna, em frente à praia de Copacabana, na zona sul carioca, onde Clara Gentil, de 53 anos, esperava para votar.

"É uma oportunidade muito importante de mudar a vida social do brasileiro, da gente evoluir, de ter mais trabalho", afirmou, enumerando os problemas em um país mergulhado na recessão, com milhares de pessoas morando nas ruas, alto índice de desemprego e áreas inteiras controladas pelo tráfico ou por milícias.

"É diferente das outras eleições porque se manifesta entre o preconceito e a política. Acho que parte dos brasileiros foram manipulados para votar pelo ódio", afirmou Gentil, que vestia uma camiseta estampada com a frase "EleNão", lema que reuniu milhares de pessoas contra o candidato da extrema direita à Presidência Jair Bolsonaro (PSL).

O capitão da reserva do Exército lidera as pesquisas de intenção de voto com uma retórica incendiária, a defesa de valores tradicionais e promessas de enfrentar a criminalidade com mão de ferro.

Mas também gerou um forte repúdio em parte da população por seu histórico de declarações misóginas, homofóbicas e racistas e suas justificativas da tortura durante a ditadura militar (1964-1985).

Para Agostin Morais da Silva, ao contrário, a mudança passa exatamente por Bolsonaro. "Vou votar com esperança no Jair Bolsonaro, pelas propostas dele. Ele é muito pela família. Eu acho que ele vai mudar o país para melhor", diz este policial de 56 anos.

Uma esperança compartilhada por Marcelene Gonçalves, assistente social de 29 anos, também moradora de Copacabana. "Nosso país infelizmente tem muita roubalheira, muita corrupção. A minha expectativa e a de todos é de algo melhor em geral. Então, estamos apostando em um presidente justo, honesto e digno", afirmou, confiando em que quem suceder o impopular Michel Temer (MDB) melhore a educação, a saúde e a segurança.

O País sofre com uma violência endêmica, uma severa crise econômica com quase 13 milhões de desempregados e uma longa série de escândalos de corrupção que geraram forte desconfiança na classe política.

Ficaram para trás os anos de bonança sob a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), quando os planos de inclusão social e uma economia pujante permitiram a mais de 30 milhões de brasileiros sair da extrema pobreza.

Mas o reinado de 13 anos do PT terminou brutalmente com o impeachment, em 2016, da afilhada política de Lula, Dilma Rousseff, acusada de manipular contas públicas. O próprio Lula está preso por corrupção e lavagem de dinheiro.

- Saber em quem votar -

Na populosa favela da Rocinha, a maior do país, os moradores também clamam por mudança.

A passarela projetada por Oscar Niemeyer para unir a comunidade e o resto da cidade está coberta de cartazes com fotos de diferentes candidatos.

Os eleitores faziam fila por quase uma hora para poder votar em uma escola para jovens e adultos, em frente a esta favela instalada em São Conrado, um dos bairros mais ricos da cidade.

Em uma região que tem sido cenário desde o ano passado de violentos confrontos entre quadrilhas rivais de narcotraficantes e policiais, o apelo é quase unânime: segurança, mas também saúde e educação.

Antônio Pereira Moraes, de 49 anos, acredita que Bolsonaro pode melhorar a situação. "O Brasil precisa de uma mudança, [o país] precisa de muita coisa que os outros não fizeram, principalmente na área da saúde. A saúde aqui tá bem mal", disse.

Camila Silva concorda com este quadro, mas não com a solução.

"Espero, como mulher, como brasileira, que ele não ganhe", disse a jovem de 18 anos, que morou toda a vida na favela e acredita que o candidato do PSL tem uma proposta "patriarcal".

"Precisamos de um presidente que saiba governar bem, sem olhar só para uma classe social, mas para o país todo. Que ele saiba garantir os direitos da população", avaliou.

Esta é sua primeira eleição e ela assegura ter se informado com consciência sobre seus candidatos, acompanhando as notícias e assistindo aos debates televisivos.

Mas ela acredita que muitos não fazem o mesmo e por desesperança ou desinformação decidem votar em branco ou nulo. "Não entendem que estão em jogo os seus direitos", afirma. "As pessoas devem saber em quem estão votando".


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