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Estado de Minas

Brasil começa a votar, com Bolsonaro favorito


postado em 07/10/2018 08:48

As eleições presidenciais mais polarizadas da história recente do Brasil começaram neste domingo (7) às 08H00, com o ultradireitista Jair Bolsonaro favorito no primeiro turno, após uma intensa campanha que expôs as divisões profundas de uma democracia sacudida por múltiplas crises.

Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), teve um forte crescimento nas pesquisas depois de ter sido esfaqueado durante um comício em 6 de setembro em Juiz de Fora (MG), e chegou nas pesquisas deste sábado pela primeira vez aos 40% dos votos válidos (que excluem os votos brancos e nulos).

Tirou, ainda, entre 15 e 16 pontos de vantagem ao seu seguidor mais imediato, Fernando Haddad, substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência.

Se nenhum candidato obter mais da metade dos votos, um segundo turno será realizado em 28 de outubro.

"De hoje para amanhã, se cada um de vocês conseguir lutar por mais um voto apenas, nós liquidamos a fatura no primeiro turno. Dá para fazermos isso. Tem muita gente indecisa ainda. Tem muita gente que está partindo para o voto útil", afirmou o candidato do PSL em vídeo difundido em sua página no Facebook.

Os analistas consideram possível, embora pouco provável, que isto ocorra. A principal incógnita está no número de eleitores "ocultos" de Bolsonaro que dizem nas pesquisas que vão votar em branco ou se declaram indecisos.

As pesquisas indicam que em um segundo turno os dois políticos, que são ao mesmo tempo os favoritos e os que têm o maior índice de rejeição, estariam em empate técnico, com tendência favorável a Bolsonaro (45%-43% segundo o Ibope e 45%-41% segundo o Datafolha).

Clara Gentil, uma eleitora do Rio de Janeiro, se apresentou para votar em Copacabana vestindo uma camisa com o "#EleNão", lema da campanha lançada contra Bolsonaro, que ostenta um longo histórico de declarações misóginas, racistas e homofóbicas, e que justificou os métodos de tortura da ditadura militar (1964-1985).

"Acho que parte dos brasileiros foram manipulados para votar pelo ódio. Então esta eleição é mais importante que outras. Agora há uma recessão, fome, gente morando nas ruas, sem emprego", explicou.

Um total de 147,3 milhões de eleitores estão habilitados a votar em um pleito que também escolherá deputados, senadores e governadores.

Os resultados vão começar a ser divulgados após o encerramento da votação no estado do Acre, às 19h00 no horário de Brasília.

O vencedor para o cargo à presidência substituirá em 1º de janeiro o presidente Michel Temer (MDB), o mais impopular desde o fim da ditadura militar (1964-1985).

- Guerra nas redes -

A campanha esteve marcada pela impugnação da candidatura de Lula, que era o favorito, pelo atentado contra Bolsonaro e por uma guerra de notícias falsas e desmentidos nas redes sociais, que tiraram o protagonismo da propaganda na TV.

Os candidatos do centro nunca conseguiram decolar ou seu apoio derreteu rapidamente, em um ambiente passional. O terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), tem 11% das intenções de voto.

Haddad, ex-prefeito de São Paulo pouco conhecido em outras regiões, tentou se identificar com Lula e, assim, pôde herdar metade do eleitorado de seu mentor, sobretudo entre a população pobre, que melhorou suas condições de vida sob seus mandatos (2003-2010).

Mas também herdou o ódio que Lula inspira entre aqueles que condenam pelos escândalos de corrupção, revelados pela Operação Lava Jato e pela crise econômica em que mergulhou o país sob o mandato de sua herdeira política, Dilma Rousseff, deposta em 2016 pelo Congresso.

Na última semana, Bolsonaro recebeu o apoio de poderosos setores, como o agronegócio e as igrejas evangélicas.

Também de jogadores de futebol, entre eles Ronaldinho Gaúcho, que publicou uma foto no Twitter vestindo uma camisa com o número 17 de Bolsonaro.

Em seu último vídeo no Facebook, o candidato prometeu governar "inclusive" para ateus e gays.

"Vamos fazer um governo para todos, independentemente da religiosa, até para quem é ateu. Vamos fazer um governo para todo mundo, para os gays, inclusive, porque tem gay que é pai, que é mãe", publicou.

Um dos temores é que uma vitória de Bolsonaro leve da esfera virtual para as ruas a intolerância contra grupos minoritários.

Bolsonaro "não tem um discurso de diálogo, tem um discurso de guerra", afirma Ilana Strozenberg, professora de antropologia social na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Sua chegada ao poder representaria "um risco de exacerbação das diferenças, na medida em que seu discurso expressa preconceitos (...) Que, ante essa posição de um governante, poderiam se tornar mais fortes do que já são", explica.


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