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Estado de Minas

UE minimiza impacto de eleições no Brasil em negociações com o Mercosul


postado em 06/10/2018 11:42

A eleição presidencial no Brasil, um dos países do Mercosul que busca um acordo comercial com a União Europeia (UE), não representa, neste momento, uma preocupação para os europeus, que desejam assinar um pacto até o final do ano.

Vários líderes europeus, que discutiram na sexta-feira (5) em Innsbruck (Áustria) as negociações em curso da UE, minimizaram o impacto da eleição presidencial brasileira nas negociações, quase 20 anos após seu início.

"Eu não acredito a eleição seja algo que coloque em risco todo o processo, porque, de qualquer maneira, a chegada de um novo governo acontecerá (depois do) final do ano", apontou a comissária europeia para o Comércio, Cecilia Malmström, ao final de uma reunião de ministros europeus.

A chegada do protecionista Donald Trump à Casa Branca, assim como a eleição de Mauricio Macri na Argentina e a posse de Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff, foram percebidos como uma "janela de oportunidade" para impulsionar e concluir uma negociação comercial iniciada em 1999 e que permaneceu suspensa entre 2004 e 2010.

No entanto, quase dois anos depois, com vários prazos perdidos, a situação em ambos os blocos mudou: a Argentina atravessa turbulências financeiras e a UE alcançou uma frágil trégua comercial com Trump, ao mesmo tempo em que negocia um divórcio com o Reino Unido e vê um boom de forças eurocéticas em vários países-membros.

- Bilateral ou multilateral 'ajustado'? -

Antes das eleições europeias de maio, o os olhos estão voltados para as polarizadas eleições no Brasil, nas quais as pesquisas dão vantagem ao candidato de extrema direita Jair Bolsonaro, seguido pelo petista Fernando Haddad, no primeiro turno neste domingo (7).

"O Mercosul não é o principal desafio das eleições no Brasil", indicou à AFP o ministro das Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, preocupado com as declarações de Bolsonaro.

"Espero que o Brasil continue sendo uma grande democracia", acrescentou.

O programa de Bolsonaro, muitas vezes chamado de "Trump brasileiro", prevê privilegiar "acordos bilaterais", uma visão que se choca com as negociações multilaterais entre a UE e o Mercosul, ao mesmo tempo que louva democracias como a Itália, cujo governo antissistema gera tensão com Bruxelas.

Por sua parte, Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda) no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), disse dias atrás que a sua intenção, se chegar ao poder, é "ajustar" os termos do acordo comercial com a UE.

Enquanto aguarda o resultado das eleições, que significará a chegada de um novo presidente ao Palácio da Alvorada, em janeiro de 2019, os europeus defendem a continuação das negociações.

De acordo com Malmström, o acordo está "muito próximo", embora ainda existam questões "difíceis" para resolver.

- 'Impacto' -

A última rodada de negociações em setembro entre a UE e o Mercosul (Uruguai, Argentina, Brasil e Paraguai) estagnou novamente em questões como a proteção das indicações geográficas de uma série de produtos europeus e no ritmo de liberalização do mercado de autopeças do Mercosul, entre outros.

Além dos entraves concretos, fontes europeias criticam que a Comissão Europeia, que negocia em nome dos 28 países europeus, enfrenta não um bloco, mas quatro países. E, nos últimos meses, as críticas sobre a falta de progresso apontaram para o Brasil.

A próxima rodada de negociações pode acontecer em novembro, segundo uma fonte do bloco sul-americano à AFP, após reuniões de coordenação das equipes de negociação de seus quatro países-membros em meados de outubro.

"Eu gostaria de ter chegado a um acordo antes, não estar nesta situação de eleição e nesta situação um pouco difícil na Argentina no plano econômico", disse na sexta-feira o ministro das Relações Exteriores belga, Didier Reynders, que defende a continuação das negociações.

Reynders reconheceu que qualquer eleição "sempre tem impacto". As discussões já estavam em ponto morto de 2004 a 2010, durante os governos de Lula e de Néstor e Cristina Kirchner na Argentina.


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