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Estado de Minas

Ginecologista congolês estimula yazidis a vencerem estigma do estupro


postado em 05/10/2018 10:06

Em um templo sagrado da minoria yazidi do Iraque, o conhecido ginecologista congolês Denis Mukwege elogia o chefe religioso desta comunidade, perseguido pelos extremistas por ter proibido estigmatizar as mulheres usadas como escravas sexuais pelo grupo Estado Islâmico (EI).

Os yazidis, uma minoria de fala curda adepta de uma religião esotérica monoteísta, foram alvo no Iraque do ódio dos jihadistas que travaram contra eles uma campanha classificada de "genocídio" pela ONU.

Em 2014, o Estado Islâmico matou milhares de yazidis em seu bastião do monte Sinjar e sequestrou milhares de mulheres e adolescentes para convertê-las em escravas sexuais.

O doutor Mukwege viajou ao Iraque convidado pela Yazda, uma ONG criada em 2014 para ajudar as yazidis traumatizadas.

No pátio do templo de Lalish, cerca de 60 quilômetros ao norte da cidade de Mossul (norte), Denis Mukwege aperta a mão do xeque Baba.

"Vim aqui para conhecê-lo, porque, em muitas comunidades, as mulheres são excluídas, estigmatizadas após terem sido violentadas", explica à AFP este ginecologista conhecido "o homem que 'conserta' as mulheres".

Denis Mukwege luta para devolver a dignidade às mulheres vítimas de estupro nas guerras, sobretudo, na República Democrática do Congo (RDC). Denuncia o estupro como "arma barata e eficaz" que destrói as mulheres e mergulha a sociedade na indiferença.

"O xeque Baba disse que (...) as mulheres não deveriam ser estigmatizadas depois do que aconteceu com elas" e, graças à sua tomada de posição, "as yazidis podem testemunhar (...) e, como mulheres, romper o silêncio".

- Unir forças -

Segundo o Ministério de Assuntos Religiosos da região autônoma do Curdistão iraquiano, mais de 6.400 yazidis foram sequestradas em 2014 pelo EI. Cerca de 3.200 foram resgatadas, ou conseguiram fugir.

Ainda que o EI tenha perdido quase todo o território conquistado no país, é desconhecido o paradeiro das demais yazidis, muitas delas reduzidas a escravas sexuais.

"Venho compartilhar nossas experiências. Há muitas coisas que podemos aprender, e o mundo deve conhecer os estupros que sofreram, porque o que aconteceu é um genocídio", explica o doutor Mukwege.

Na RDC, o ginecologista congolês fundou um hospital e uma fundação para atender às vítimas do estupro como arma de guerra.

"Somos uma pequena organização, mas, na minha clínica, tratamos 50.000 mulheres, e também vim somar forças para lutar contra o estupro como arma de guerra. Quando acontece algo assim não há outra coisa a dizer - seja Iraque, Congo, Colômbia, ou Coreia -, a não ser que a Humanidade foi maltratada", insiste o médico.

Na última segunda-feira, o ginecologista participou de uma workshop em Dohuk, no Curdistão, para transmitir seu saber àqueles que trabalham na reabilitação das yazidis violentadas.


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