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Estado de Minas

Juros dos EUA, comércio e contágio: a crise das economias emergentes


postado em 20/09/2018 15:24

Os juros americanos, a guerra comercial, o efeito contágio: há algumas semanas, as moedas de vários países emergentes sofrem com esse cenário. Estes são alguns elementos que ajudam a entender a situação.

- Epicentro -

A onda expansiva se formou quando o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) começou a subir suas taxas de juros. O efeito imediato foi o dólar ganhar força, encarecendo o custo de financiamento.

"Nesses casos, os ativos mais vulneráveis sempre são vendidos primeiro", explica Isabelle Mateos y Lago, diretora-general da BlackRock Investment Institute.

- Detonador comercial -

A decisão do Fed fragilizou a estrutura, mas não explica sozinha os movimentos violentos de algumas divisas nos últimos meses.

A inquietação com o vigor do crescimento chinês ampliou a pressão. Mas a verdadeira tensão se deve à guerra comercial.

O mundo emergente foi a "principal vítima colateral" do Fed e da guerra comercial dos Estados Unidos "que duplicou a pena", escreveu Didier Saint-Georges, membro do comitê de investimentos de Carmignac.

- A divisa: primeira vítima -

Quando há complicações, cria-se uma hierarquia entre os países e os ativos: as moedas são trocadas em um mercado muito grande e volátil, onde os investidores normalmente iniciam o movimento. Em seguida, vêm as ações e os títulos da dívida.

"Todos os ativos emergentes sofreram. A volatilidade mais forte afetou as divisas, mas as ações emergentes também perderam 11% desde que teve início o ano, e a dívida tampouco saiu ilesa", resumiu Isabelle Mateos y Lago.

- Por que a moeda turca foi a primeira?

"Foram sobretudo as tensões pelo pastor americano preso na Turquia que serviram como detonador", avaliou Regis Chatellier, analista da Société Générale CIB.

"O país estabeleceu suas posições, o presidente americano respondeu impondo tarifas e os investidores começaram a ter medo, já que o país depende maciçamente do financiamento estrangeiro em dólares", completou.

Desde então, a decisão do Banco Central turco de subir os juros fez a temperatura cair, mas a situação continua sendo frágil.

- Argentina, África do Sul e Indonésia: contágio ou exagero?

Depois da tensão com a lira turca, "os mercados procuraram a próxima vítima e quiseram repetir o mesmo com a Argentina", analisa Chatellier.

"A Argentina cumpria, teoricamente, todos os requisitos. Com a diferença de que tem o apoio do FMI", observa especialista.

Ele acredita que a tensão com esse país "foi um pouco exagerada".

"Para a África do Sul, o contexto é muito específico e a principal preocupação é com a reforma agrária".

Já na Indonésia, "seu déficit externo é muito moderado, sua taxa de inflação é baixa, não há superaquecimento da economia e a configuração é diferente", acrescenta.

"Trata-se mais de pressões em países que têm uma situação particular", avalia Jean-Marc Mercier, diretor da divisão de mercado de capitais do HSBC, que evoca ao contrário países "aonde tudo vai bem" como os do Oriente Médio, o Chile e até a Coreia do Sul.

- Primeiros sinais de crise mundial? -

Para muitos especialistas, a resistência da economia chinesa desempenhará um papel fundamental na prevenção do contágio em escala global.

A crise que aflige grandes economias emergentes não teve um efeito contagioso imediato "como no fim da década de 1990", já que elas são "menos vulneráveis do que então", reconheceu a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na quinta-feira.

"O agravamento das tensões comerciais pode exacerbar as fraquezas, especialmente se a China acabar sendo afetada, refletindo a crescente integração na rede de comércio global da maioria dos mercados emergentes nas últimas duas décadas", explicou a organização.


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