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Estado de Minas

Encontro sobre clima nos EUA termina entre incertezas


postado em 14/09/2018 21:06

A reunião sobre o clima em San Francisco termina nesta sexta-feira com uma grande incerteza: os líderes mundiais se sensibilizarão diante da pressão das cidades e regiões do mundo antes do próximo encontro de negociações internacionais, em dezembro?

Milhares de delegados, entre prefeitos, governadores, representantes de ONGs e empresários, se encontraram pela primeira vez na Califórnia, e durante toda a semana foram mais cautelosos que otimistas.

"Nunca estivemos tão necessitados de multilateralismo como na atualidade", disse Patricia Espinosa, a ex-ministra mexicana para as negociações sobre o clima nas Nações Unidas. "No momento exato em que mais necessitamos disso, põe-se em dúvida a ordem internacional", acrescentou.

"Vou lhes dizer a verdade", declarou nesta sexta-feira o ex-chefe da diplomacia americana John Kerry. "Estamos muito longe do objetivo".

"O perigo não é que não cheguemos, mas que cheguemos tarde demais", disse aos delegados, enumerando a lista de desastres recentes, em especial os furacões que geraram perdas bilionárias no ano passado, em um momento em que o potente Florence toca a costa atlântica do país.

Os próximos três meses são considerados cruciais por muitos participantes para relançar o acordo climático de Paris de 2015.

Em dezembro, 190 estados signatários se reunirão em Katowice, Polônia, para fixar as regras para a implementação do pacto.

"A energia de Paris se perdeu", lamentou um dos poucos chefes de Estado presentes na reunião de San Francisco, o húngaro Janos Ader. "O futuro da civilização está em jogo, esta é a mensagem que temos que levar a Katowice".

"Os governos nacionais chegarão a Polônia impulsados por esta dinâmica", espera Manuel Pulgar Vidal, responsável de assuntos climáticos da prestigiosa ONG WWF.

Mas os preparativos para este encontro aparentemente técnico estão paralisados, ameaçando deixar em evidência a debilidade do pacto climático.

O método adotado em 2015 é inédito: não se prevê nenhuma sanção para os países. Cada Estado estabelece seus objetivos de redução de emissões, que por enquanto são insuficientes para limitar abaixo de 2°C o aumento da temperatura global antes do fim do século, já que a Terra está a +1°C em relação à era pré-industrial.

A ONU prevê realizar uma cúpula em um ano. "Esta determinará se o acordo de Paris pode ser salvo ou não", disse David Paul, ministro do Meio Ambiente das Ilhas Marshal, ameaçadas de desaparecer sob as águas do oceano Pacífico.

- CO2 em aumento-

Prefeitos, governadores e outros dirigentes regionais dos Estados Unidos e de vários países da Europa e Ásia afirmaram que eles podem assumir o papel dos Estados, que fracassaram em apressar a transição para a eletricidade e veículos "limpos".

"O problema está nas cidades, e a solução será nas cidades", disse o bilionário Michael Bloomberg, um dos grandes patrocinadores do encontro de San Francisco.

"É nas cidades onde se enfrentará a maior batalha", disse à AFP o prefeito de Quito, Mauricio Rodas, cuja cidade está construindo seu primeiro metrô e prevê restringir aos carros "limpos" o acesso ao seu centro histórico.

Quito, Varsóvia, Buenos Aires e Cidade do Cabo são algumas das cidades que se uniram a Nova York, Londres, Paris, Tóquio e vários estados dos Estados Unidos, como a Califórnia, neste movimento em direção ao "carbono zero".

Mas as cidades com os objetivos mais ambiciosos e rápidos estão principalmente na Europa e América do Norte, em países onde as emissões já começaram a diminuir há pelo menos uma década.

As emissões de CO2 da China, o maior poluidor do mundo, e do resto da Ásia continuam aumentando. Em conjunto, o mundo continua emitindo cada vez mais CO2.

O objetivo dos próximos anos é deter, finalmente, este crescimento.

"Se não formos capazes de frear a curva mundial de emissões nos próximos dois ou três anos, é muito pouco provável que consigamos limitar o aumento de temperatura abaixo de 2°C", diz o climatologista sueco Johan Rockström.

Olhem o carvão, sugere: os humanos queimam mais a cada ano.

"Sabendo que, cientificamente, não há nenhuma ambiguidade, não podemos nos permitir perder outros dez anos", adverte Rockström.

O alto executivo Mats Pellbäck Sharp, diretor de sustentabilidade da Ericsson, acompanha essa percepção. "É hora de agir e deixar de assinar declarações".


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