Os principais legisladores apoiadores do Brexit insistiram nesta quarta-feira, 12, que não estão prestes a derrubar a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, apesar de manterem forte oposição ao plano da premiê para a saída do país da União Europeia (UE). A proposta de May mantém o Reino Unido alinhado às regras do bloco após a saída, em troca do livre-comércio de mercadorias.
Os opositores afirmam que a proposta manteria o Reino Unido ligado ao bloco e incapaz de fazer novos negócios em todo o mundo. Dezenas de legisladores discutiram a ideia de emitir um voto de desconfiança contra May, na esperança de substituí-la por um político mais duro para lidar com Brexit, como o ex-secretário das Relações Exteriores, Boris Johnson, feroz crítico do projeto da primeira-ministra.
Mas o secretário do meio-ambiente, Michael Gove, de posicionamento favorável a May, disse que a especulação sobre uma conspiração para derrubar a liderança atual é apenas "conversa fiada". Para Gove, a premiê está fazendo "um grande trabalho no momento". O ex-secretário para o Brexit, David Davis, que deixou o governo em julho, devido a divergências com May, acrescentou que ela é uma primeira-ministra "muito boa" com a qual teve divergências apenas sobre uma questão.
O Reino Unido deve deixar a União Europeia em 29 de março, mas as negociações sobre o divórcio afundaram em meio às divisões no Partido Conservador sobre a relação que será mantida com o bloco. As esperanças de haja um acordo até a cúpula do bloco em outubro, como era o plano original, estão acabando, mas há expectativas de que a UE esteja planejando outra reunião para novembro.
Líderes do bloco emitiram declarações encorajadoras recentemente, dizendo que um acordo é possível nos próximos dois meses, caso ambos os lados sejam realistas. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse na quarta-feira que os negociadores da UE "estão prontos para trabalhar dia e noite até chegar em um acordo". "Eu saúdo a proposta da primeira-ministra May para desenvolver uma nova e ambiciosa parceria para o futuro após o Brexit", disse ele durante discurso em Estrasburgo.
Mas um acordo está longe de ser feito, e o Reino Unido tem intensificado o planejamento para um Brexit "sem acordo", o que poderia atrapalhar comércio, transporte e outros setores da economia.
Opositores conservadores ao plano de May, apelidado de Chequers, estão tentando mostrar que têm uma proposta alternativa para se libertarem da UE. O grupo European Research Group, de apoio ao Brexit duro, publicou nesta quarta-feira seu plano para resolver uma das questões pendentes mais complicadas - a fronteira entre Irlanda do Norte, do Reino Unido, e a Irlanda, membro da UE.
Reino Unido e UE dizem que não deve haver postos alfandegários ou outras infraestruturas ao longo da fronteira atualmente invisível, mas não concordaram em como isso pode acontecer depois que o Reino Unido deixar a união aduaneira livre de tarifas.
O grupo apoiador ao Brexit disse que tecnologia e programas de "traders confiáveis" poderiam remover a necessidade de postos de fronteira, e um acordo entre UE e Estados Unidos sobre padrões comuns de biossegurança permitira o movimento facilitado de produtos agrícolas.
"Tudo pode ser feito eletronicamente", disse o legislador Owen Paterson, ex-secretário da Irlanda do Norte. "Não há nenhum necessidade para nova infraestrutura física na fronteira." Críticos dizem que a UE já rejeitou propostas similares para proteger a aberta, pedra fundamental no processo de paz da Irlanda do Norte.
Robert Hannigan, ex-diretor da agência britânica de inteligência GCHQ, disse que uma fronteira dura levaria ao crescimento do contrabando, aumentaria as tensões entre nacionalistas irlandeses e sindicalistas pró-britânicos e "frearia os limites do processo de paz". "Então seria um desenvolvimento muito insalubre", destacou. Fonte: Associated Press.