O novo chefe da diplomacia britânica, Jeremy Hunt, exortou nesta terça-feira (21) Estados Unidos e União Europeia a irem além para contrabalançar a Rússia, pedindo sanções mais duras no âmbito da União Europeia.
A atitude russa, "agressiva e maliciosa", "socava a ordem internacional que deve nos proteger", denunciou Hunt nesta terça em Washington, em seu primeiro grande discurso de política externa desde que foi nomeado, em julho.
O envenenamento, no começo de março, em Salisbury, Inglaterra, do ex-espião russo Serguei Skripal, atribuído pelas autoridades britânicas aos russos, mergulhou os dois países em uma grave crise diplomática.
Hunt elogiou a "resposta forte e unitária" das capitais ocidentais, que expulsaram de forma coordenada muitos diplomatas russos. E destacou que os Estados Unidos tinham "ido além" ao anunciar sanções econômicas no caso Skripal, que se somaram às medidas punitivas para denunciar a anexação da Crimeia pela Rússia ou a interferência de Moscou nas eleições presidenciais americanas.
"O Reino Unido chama seus aliados a irem além, ao pedir à União Europeia que garanta que suas sanções contra a Rússia sejam integrais, e que realmente estejamos ombro a ombro com os Estados Unidos", disse.
Embora os europeus já tenham tomado medidas muito, muito fortes, lembrou que "este ataque ocorreu em solo europeu" e lamentou que só "os Estados Unidos e não a Europa" tenham anunciado sanções econômicas nesta etapa.
O chanceler russo, Serguei Lavrov, ironizou o "colega britânico" que, assegurou, tem "uma autoestima bem elevada".
"Um país que renuncia à União Europeia através do Brexit pretende ditar a política externa dessa União Europeia", alfinetou.
"E agora, Londres também quer ditar a política externa de Washington com relação à Rússia", tentando "convencer Donald Trump para que fortaleça as sanções", acrescentou Lavrov, citado pela agência Ria Novosti.
- "Brexit caótico" -
A mensagem de firmeza mostrada pelo governo americano frequentemente vai de encontro ao desejo do presidente Donald Trump de melhorar as relações com a Rússia. Sua cúpula em Helsinque, em julho, durante a qual foi muito conciliador com seu contraparte russo, Vladimir Putin, foi particularmente criticada.
Em Washington, antes de se reunir com o secretário de Estado, Mike Pompeo, na quarta-feira, Hunt foi considerado com Trump e sua "diferente forma" de se aproximar da diplomacia, considerando que é preciso "ver o que faz e não só o que diz".
Mas também destacou certas ambiguidades da política externa do presidente americano.
"É incrivelmente importante ter um diálogo" com Moscou, que é "uma grande potência nuclear", reconheceu. "Mas também devemos ser francos: a política externa da Rússia com o presidente Putin faz com que o mundo seja mais perigoso", advertiu.
Hunt também enviou uma nova advertência à União Europeia sobre o Brexit.
"Uma das maiores ameaças para a segurança europeia seria um Brexit caótico sem acordo", disse.
O resultado das discussões sobre o Brexit, que deveria levar a um acordo no fim de outubro, antes da separação programada para 29 de março de 2019, continua sendo incerto, com Bruxelas inflexível apesar do novo plano de saída da primeira-ministra, Theresa May.
"Chegou o momento de que a Comissão Europeia considere com a mente aberta as propostas honestas e construtivas da primeira-ministra", disse Hunt.
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