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Estado de Minas

Depoimento causa reviravolta em investigação sobre 'atentado' contra Maduro

Monasterios foi militar da Guarda Nacional e, depois de sua captura, admitiu ter ajudado a introduzir os drones que explodiram durante um ato militar presidido por Maduro no sábado passado em Caracas


postado em 11/08/2018 00:30 / atualizado em 11/08/2018 14:01

(foto: HO / Venezuelan Presidency / AFP)
(foto: HO / Venezuelan Presidency / AFP)

A investigação do atentado que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirma ter sofrido teve uma reviravolta nesta sexta-feira (10), após o depoimento de um deputado da oposição que, na prisão, admitiu ter tido contato com um dos supostos envolvidos.


"Há várias semanas fui contatado por (o deputado) Julio Borges, que me pediu o favor de passar uma pessoa da Venezuela para a Colômbia. Trata-se de Juan Monasterios, fiz contato com ele através de mensagens" de texto, disse Juan Requesens a um promotor, segundo um vídeo exibido pelo governo.


Monasterios foi militar da Guarda Nacional e, depois de sua captura, admitiu ter ajudado a introduzir os drones que explodiram durante um ato militar presidido por Maduro no sábado passado em Caracas. O depoimento de Requesens foi apresentado pelo ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, que anunciou, ainda, que o governo pediu à Interpol a captura de Borges, exilado na Colômbia, pela tentativa de magnicídio contra Maduro.


"Estamos solicitando código vermelho para o senhor Julio Borges", afirmou Rodríguez em coletiva de imprensa, na qual informou que o pedido se estende a outros supostos envolvidos que moram na Colômbia e nos Estados Unidos. "Não há, na história da Venezuela, um político mais covarde que Julio Borges, que dá ordens a Juan Requesens, mas ele se encontra em Bogotá, amparado pelo extinto governo de Juan Manuel Santos, vive em uma imensa mansão", declarou Rodríguez.


Borges ironizou a ordem de captura contra ele recordando que "os que têm alerta vermelho" são os funcionários do governo Maduro, procurados em vários países. "São procurados em dezenas de países do mundo porque roubaram dinheiro dos venezuelanos, porque destruíram os direitos humanos e a democracia", disse o deputado nas redes sociais.


Borges considerou que Requesens foi ameaçado ou drogado para dizer o que o governo quer. "Não é o Juan Requesens que conhecemos, não o jovem lutador (...) e sim uma pessoa drogada ou ameaçada para falar o que o governo quer. Vejam as pupilas dilatadas resultado do uso de drogas".


Requesens, de 29 anos, foi detido na terça-feira passada pelo serviço de Inteligência (Sebin), em Caracas, depois que a Assembleia Constituinte retirou a imunidade parlamentar dele e de Borges.


O Primeiro Justiça, partido de Borges e Requesens, informou que na tarde desta sexta-feira o deputado foi levado a tribunais e que "não teve comunicação com seus advogados".


"O ex-deputado Requesens e Borges estão diretamente envolvidos no planejamento e na realização como cúmplice e como autor intelectual" do ataque, destacou o ministro.


Governo desafia desmentido 


No trecho de 47 segundos do testemunho apresentado pelo governo, Requesens diz que seu contato com Monasterios foi intermediado por Mauricio Jiménez, a quem ele e o governo de Caracas identificam como funcionário da imigração colombiana.


Segundo o parlamentar, Jiménez facilitou a entrada do ex-sargento à Venezuela a partir da Colômbia. Monasterios disse aos investigadores que tinha problemas com a imigração.


"Estava em San Cristóbal (Venezuela), nunca tive contato físico com Juan Monasterios, só o fiz o solicitado através de serviço de mensagem", afirma o deputado.


Borges disse várias vezes que o plano de magnicídio é uma "farsa" para justificar a perseguição dos adversários de Maduro, confrontado com uma enorme rejeição popular devido à profunda crise econômica que o país vive.


"Desafio Julio Borges a que desminta o ex-deputado Juan Requesens", disse o ministro.


Nesta sexta-feira, deputados opositores e dezenas de pessoas marcharam até a sede da OEA em Caracas, onde entregaram uma declaração, aprovada na quinta-feira, que pede que se ignore a ordem de captura contra Borges e exige a libertação de Requesens.


Segundo o governo, os autores materiais do atentado foram treinados no povoado de Chinácota, no departamento (estado) colombiano de Norte de Santander.


Por causa disso e do papel de Jiménez, o governo de Maduro responsabiliza Santos pelo "atentado". Segundo Rodríguez, o ex-presidente colombiano manteve uma "infinidade" de reuniões com Borges.


Em um vídeo difundido por Maduro na segunda-feira passada, Monasterios, com o rosto embaçado, afirma ter recebido ajuda de Requesens e do funcionário de imigração para se movimentar na fronteira binacional, parcialmente fechada.


"Ao chegar a San Cristóbal, recebi uma mensagem de texto do deputado Juan Requesens, dizendo que ele era o encarregado de me passar para o outro lado por meio de Julio Borges, que o tinha mandado fazer isto", afirmou o ex-militar, envolvendo várias pessoas.


No total, o governo assegura haver 20 envolvidos, dos quais dez estão detidos.


Monasterios manifestou, ainda, que ajudou a inserir na Venezuela, vindos da Colômbia, os drones que feriram sete militares.


Na cidade de Barquisimeto "fizeram testes em uma casa, voltaram a ser desmontados e os trouxemos em 1º de agosto (para Caracas) para estar aqui nos dias em que eles iriam armar os drones para executar o atentado", afirmou o ex-membro da Força Armada.


Brasil condena repressão


O Itamaraty advertiu nesta sexta-feira para o "agravamento da repressão" na Venezuela, ao condenar a detenção de Requesens e a ordem de captura contra Borges.


"Com grave preocupação, o governo brasileiro tomou conhecimento da prisão - ao arrepio da institucionalidade democrática da Venezuela - do deputado Juan Carlos Resquesens e da ordem de captura do deputado Julio Borges, membros da Assembleia Nacional daquele país".


"Ao condenar ambas as medidas, o Brasil recorda as obrigações internacionais do Estado venezuelano com a democracia representativa".


O governo brasileiro considera que os acontecimentos do dia 4 de agosto em Caracas, "embora mereçam investigação independente e crível, não devem servir de pretexto para o agravamento da repressão - já intensa - à legítima e legal oposição política e parlamentar ao governo do presidente Nicolás Maduro".


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