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Estado de Minas

Justiça argentina investiga US$ 65 mi em investimentos nos EUA por corrupção


postado em 03/08/2018 19:18

A Justiça argentina pôs na mira investimentos suspeitos no valor de 65 milhões de dólares nos Estados Unidos daquele que foi secretário particular do ex-presidente Néstor Kirchner, e busca vínculos com o escândalo dos "cadernos de corrupção" de supostas propinas em troca de atribuições de obras públicas.

A Unidade de Informação Financeira (UFI) colocou o novo dado sobre a mesa, ao se dispor a cooperar com a Justiça em uma investigação paralela sobre o suposto enriquecimento ilícito de Daniel Muñoz, já falecido e ex-secretário de Kirchner, morto em 2010.

Muñoz teria cerca de 65 milhões de dólares em propriedades em Miami através de empresas offshore, e a UIF suspeita que esse dinheiro faça parte dos 160 milhões de dólares que, segundo a Procuradoria, seriam supostos subornos para obras públicas.

O nome de Muñoz é um dos muitos mencionados nos "cadernos da corrupção", como são conhecidas as minuciosas anotações do homem-chave do caso, Oscar Centeno, motorista do número dois do Ministério do Planejamento (obras públicas), divulgados pelo jornal La Nación.

Centeno levou anotações sobre retiradas e entregas de maletas de dinheiro que acompanhou entre 2005 e 2015, durante os governos do falecido Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua esposa e sucessora, Cristina Kirchner (2007-2015).

Já há 16 empresários e ex-funcionários detidos à disposição da Justiça em um caso no qual a ex-presidente e senadora vai depor em 13 de agosto como suposta chefe de associação ilícita.

O juiz Claudio Bonadio pediu ao Senado que retire sua imunidade parlamentar para poder fazer buscas em seu domicílio e em seu gabinete.

O foro parlamentar não impede que um legislador seja processado, julgado e inclusive condenado, mas não pode ser detido. Kirchner é a opositora mais bem posicionada e poderá se candidatar a um novo mandato em 2019.

- "Grupelho dos donos do poder" -

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, se referiu nesta sexta-feira pela primeira vez ao caso, em um ato com aposentados.

"Necessitamos que a Justiça nos diga se isto é verdade, que nos demonstre que não há impunidade", assegurou.

"Às vezes a gente sente que uns poucos debocham de milhões... Há um pequeno grupo que pensa que é dono do poder e que está acima de tudo", disse sobre o caso, sem citar nomes.

- Mecanismo sistêmico -

O caso "é potencialmente o mais parecido com a Lava Jato", explicou à AFP o sociólogo e filósofo da Universidade de Buenos Aires Marcos Novaro, em referência à operação que investiga um gigantesco esquema de corrupção entre políticos e empresários no Brasil, mas advertiu que "dependerá da solidez da prova e que pareçam arrependidos".

"A quantidade de empresários que estão envolvidos é muito grande. Há vários mais que ainda não estão nas listas. É tudo muito sistêmico. O mecanismo foi sustentado durante dez anos, essas contas devem estar em algum lugar que permitam dizer que está provado", estimou Novaro.

O juiz Bonadio analisa nesta sexta-feira vários pedidos de liberdade, entre eles o do titular da Câmara da Construção da Argentina, Carlos Wagner, o do motorista Oscar Centeno, e de seu ex-patrão Roberto Baratta, braço direito do ex-ministro Julio de Vido, que está preso em outra causa de suposta corrupção.

Entre os 16 detidos também estão os empresários Gerardo Ferreyra e Jorge Neyra, da construtora Electroingeniería, e Javier Sánchez Caballero, ex-gerente-geral da IECSA, companhia que pertenceu ao grupo empresarial de um primo de Macri.

Nesta sexta-feira outro ex-funcionário, Fabián García, se entregou e o empresário Juan Carlos de Goycochea, ex-diretor da espanhola Isolux Corsan na Argentina. Este último se apresentou à justiça depois de voltar esquiar, segundo a imprensa.

"É preciso ver se esses cadernos aparecem e se há ligação entre os dados anotados nos cadernos e o movimento de fundos que envolve as pessoas", advertiu Novaro.

Até agora, a justiça só conta com fotos e fotocópias dos já célebres cadernos, cuja autoria foi admitida pelo motorista diante do procurador Carlos Stornelli.

Stornelli acompanhou Centeno a suas duas casas em busca dos cadernos, mas não foram encontrados.

"Ditaram a prisão preventiva de muita gente com fotocópias. Nunca vi algo assim. Bonadio ficou com o caso quando o deveria ter mandado para sorteio e nem sequer tem os cadernos: é tudo muito raro", disse à radio FM La Patriada Alberto Fernández, ex-chefe de Gabinete de Néstor Kirchner.


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