COPENHAGUE - Ser mendigo na Dinamarca está proibido desde julho de 2017, depois que o Parlamento aprovou uma lei - somente com o apoio da direita - que considera que a mendicância cria "inconvenientes" aos pedestres. No entanto, até agora, 52 estrangeiros foram presos e nenhum dinamarquês.
Em um país com baixos índices de desemprego e um dos salários per capita mais altos do mundo, índices invejáveis de igualdade de gênero e um robusto Estado de bem-estar social, os estrangeiros pobres e sem permissão de residência acabam sendo pegos na rua e enviados à prisão por 14 dias.
Maja Løvbjer Hansen, de Gadejuristen, uma organização de advogados que dão assistência a pessoas vulneráveis, diz que essa lei tem como alvo estrangeiros pobres que chegam à Dinamarca em busca de trabalho e, pelas dificuldades de entrar no mercado (conhecer o idioma, por exemplo) "terminam recolhendo garrafas, pedindo e dormindo nas ruas".
Muitas ONGs qualificaram de "discriminatório" o fato de a polícia ter detido apenas estrangeiros, especialmente da Romênia, durante os 12 meses desde a aprovação da lei, apesar de as autoridades admitirem que há mendigos dinamarqueses.
"O governo deixou muito claro que o objetivo são os estrangeiros, de modo que esses números não me surpreendem", diz a advogada, que afirma que no passado tanto os políticos como a imprensa restringiram esse assunto à comunidade cigana.
Em 2017, o deputado liberal Marcus Knuth declarou: "Já chega. É hora de trabalharmos contra a praga de ciganos que ataca Copenhague a cada verão." A lei veta expressamente pedir em trens e ônibus, nas estações, nas ruas, nas áreas comerciais e imediações dos supermercados.
(AP)