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Estado de Minas

ONU debate poluição sonora nos oceanos e seus danos à vida marinha


postado em 21/06/2018 16:42

O ruído nos oceanos causado pelo homem e seus perigos para a vida marinha são o foco de reuniões das Nações Unidas nesta semana, uma vitória para grupos de defesa que há muito tempo alertam para esse problema.

- Quais são as causas do ruído nos oceanos? -

A principal atividade humana que causa ruído é o transporte marítimo.

Entre os sons mais altos estão as explosões destinadas a demolir as plataformas de petróleo off-shore, embora esses eventos sejam raros.

Grupos de defesa focam em armas de ar comprimido (para exploração sísmica), que são usadas pelos interesses do petróleo e do gás para encontrar reservas no fundo do oceano.

Um barco reboca de 12 a 48 armas por vez, e cada uma delas dispara rajadas barulhentas de ar comprimido. Essas ondas sonoras passam pela água e atingem o fundo do mar, refletindo informações sobre depósitos de petróleo e gás enterrados que podem ser usadas para criar mapas tridimensionais.

As explosões são repetidas a cada 15 segundos, em amplas áreas do oceano em alto volume, às vezes por semanas a fio.

- Exemplo: zooplâncton -

OceanCare, uma organização não governamental sediada em Zurique, na Suíça, divulgou em maio uma revisão de 115 estudos mostrando os efeitos da poluição sonora nos oceanos em 66 espécies de peixes e 36 tipos de invertebrados.

O zooplâncton mostrou-se altamente vulnerável a explosões sísmicas. Um estudo de 2017 mostrou que uma explosão, mesmo em um nível mais baixo do que as normalmente usadas em operações de prospecção de petróleo e gás, poderia dizimar metade do zooplâncton na área.

Até 95% de certas espécies morreram.

O zooplâncton forma a base da cadeia alimentar e é uma nutrição vital para as baleias e muitos invertebrados, como ostras e camarões.

- Exemplo: Redução dos estoques de bacalhau -

Os peixes podem sofrer lesões internas e mudar seu comportamento. Ao se tornarem desorientados pelo barulho, eles podem nadar para longe ou ficar paralisados no lugar.

De acordo com estudos de 1996 e 2012, explosões sísmicas provocaram a fuga de hadoque e bacalhau, reduzindo a taxa de captura em 20% a 70% em algumas áreas.

Alguns peixes nadavam mais fundo, onde poderiam estar mais vulneráveis, enquanto outros eram pegos com o estômago vazio, um sinal de que haviam parado de comer.

- Quais são as soluções? -

A resposta mais simples é limitar o número e a intensidade das explosões sísmicas. Mas pelo menos nos Estados Unidos, as coisas estão indo na direção oposta.

O governo do presidente Donald Trump abriu a costa do Atlântico para pesquisas sísmicas.

Representantes da indústria de petróleo e gás dizem que a evidência científica não prova que as pesquisas prejudiquem os peixes, e que as empresas tomam as precauções necessárias.

"Pesquisas sísmicas são frequentemente usadas no Golfo do México, sem nenhum impacto prejudicial conhecido para as populações de animais marinhos ou para a pesca comercial", disse Michael Tadeo, porta-voz do Instituto Americano de Petróleo.

No entanto, Lindy Weilgart, pesquisadora da Universidade Dalhousie e consultora da OceanCare, discordou dessa afirmação.

"É altamente enganoso alegar que não há evidências científicas mensuráveis ou documentadas sobre atividades sísmicas que afetam peixes ou outras populações de animais marinhos", disse à AFP por e-mail.

"Até o momento, cerca de 130 espécies foram documentadas como afetadas pelo ruído subaquático, em grande parte a partir de levantamentos sísmicos", acrescentou.

Diminuir a velocidade dos navios também pode ajudar a reduzir o ruído.

O porto de Vancouver tem feito experiências nesse sentido desde o ano passado, como parte de um projeto chamado "ECHO".

As ONGs querem que a questão da poluição sonora seja incluída em uma resolução da ONU sobre os oceanos ainda este ano.

Embora as preocupações iniciais tenham sido em relação aos golfinhos e as baleias afetadas, a OceanCare diz que o problema afeta todo tipo de criaturas no oceano, grandes e pequenas.

É um problema que afeta toda a cadeia alimentar, disse Nicolas Entrup, especialista em política oceânica da OceanCare.

"A questão do ruído nos oceanos está se tornando prioritária na agenda como uma ameaça ao meio ambiente", disse em uma entrevista.


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