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Estado de Minas

Merkel pressionada pela direita alemã e por Donald Trump


postado em 18/06/2018 12:30

Angela Merkel foi intimada nesta segunda-feira (18) por seus aliados de direita, apoiados por Donald Trump, com um ultimato de duas semanas para encontrar uma solução europeia para o desafio migratório, sob o risco de uma grande crise política.

O ministro alemão do Interior, o conservador Horst Seehofer, alertou que está disposto, a partir de julho, a "parar imediatamente" os migrantes que chegarem às fronteiras alemãs de outro país europeu, se a chanceler fracassar em encontrar uma solução para a crise em uma cúpula da União Europeia nos dias 28 e 29 de junho.

Merkel prometeu, por sua vez, fazer tudo para alcançar acordos bilaterais e europeus sobre a questão, mas rejeitou o ultimato de seu ministro, garantindo que não haverá fechamento "automático" das fronteiras aos requerentes de asilo em caso de insucesso de seus esforços.

"Não queremos agir unilateralmente, de forma descoordenada e prejudicial para terceiros", disse ela.

Depois de uma semana de polêmicas entre Merkel e seu ministro, o risco de colapso da frágil coalizão no poder há três meses não está descartada, pois é difícil satisfazer a todos: a direita bávara (CSU) presidida pelo ministro do Interior, a centro-direita (CDU) e os social-democratas (SPD).

Sobre a questão migratória, Merkel aposta na UE e considera que o destino da Europa está em jogo: trata-se de evitar um "efeito dominó" fatal a seus olhos.

- Trump se intromete -

O que deseja Seehofer, que quer privilegiar os interesses alemães, faria que quase todo o ônus dos requerentes de asilo que chegam à Europa recaía sobre dois países: Itália e Grécia.

"Estou determinado a implementar isso, se as negociações europeias falharem", alertou nesta segunda-feira.

Donald Trump também se intrometeu no conflito do governo de Merkel, considerando, em um tuíte, que "o povo alemão está-se voltando contra seus líderes" sobre a imigração e dizendo que "o crime na Alemanha está aumentando muito".

"Grande erro cometido em toda a Europa ao permitir a entrada de milhões de pessoas que mudaram sua cultura de forma tão forte e violenta", escreveu Trump no Twitter.

"Não queremos que o que está acontecendo com a imigração na Europa aconteça conosco", tuitou em seguida.

Na Alemanha, a onda de choque político provocada pela chegada de mais de um milhão de requerentes de asilo em 2015 e 2016 não perdeu força, embora, desde 2017, o número de recém-chegados tenha diminuído consideravelmente.

Esta crise migratória contribuiu para o crescimento da extrema direita em toda Europa. Na Itália, ou na Áustria, ela entrou no governo e, na Alemanha, seu sucesso nas legislativas levou ao conflito atual dentro do campo conservador da chanceler.

A CSU, que se prepara para duras eleições regionais na Bavária em outubro contra a extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), perdeu a paciência, sob o risco de derrubar a aliança com o partido democrata-cristão (CDU) de Merkel.

Este conflito político agita o espectro de eleições antecipadas que poderiam beneficiar principalmente a extrema direita.

- Merkel contra a parede -

As próximas duas semanas serão, portanto, decisivas e complicadas para Merkel, pois parece pouco provável que ela consiga encontrar uma solução satisfatória tanto para seus aliados bávaros quanto para a Itália, que exige a distribuição dos requerentes de asilo por toda Europa.

Angela Merkel recebe hoje à noite seu colega italiano Giuseppe Conte, cujo país fechou seus portos a navios de ONGs que resgatam migrantes no Mediterrâneo. Roma mostrou sua firmeza, bloqueando a rota do "Aquarius" e seus 630 náufragos, causando tensões europeias até a recepção do barco pela Espanha.

A chanceler também deve se reunir com o presidente francês, Emmanuel Macron, e com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na terça-feira. Uma reunião de líderes europeus antes da cúpula da UE também está prevista.

Ela enfrenta crescente insatisfação da opinião pública, exacerbada por notícias, particularmente o recente estupro e assassinato de uma adolescente por um solicitante de asilo que chegou em 2015. Nesta segunda, também foi aberto o julgamento de um jovem refugiado afegão acusado de esfaquear fatalmente sua ex-namorada de 15 anos em um supermercado.


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