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Estado de Minas

De pária a estadista, a tática de Kim


postado em 18/06/2018 12:18

Washington, 18 - Imagens de prosperidade do mundo exterior costumam ser banidas da mídia estatal da Coreia do Norte, mas Kim Jong-un abriu uma exceção para Cingapura, a cidade-Estado que sediou sua histórica cúpula com Donald Trump. Além de verem arranha-céus iluminados, os habitantes do país mais fechado do mundo foram informados que seu "supremo líder" gostaria de aprender com o modelo de desenvolvimento econômico e tecnológico do anfitrião.

Em discurso no dia 20 de abril, o ditador deixou claro a integrantes do partido governante da Coreia do Norte que sua prioridade a partir de então seria a modernização econômica, já que a tarefa de criar um arsenal nuclear estava concluída. No mês anterior, ele havia dado um passo decisivo nessa direção, ao propor a reunião com Trump, oferta aceita de maneira imediata pelo americano.

A negociação com os Estados Unidos e o esperado relaxamento de sanções internacionais são essenciais para Kim injetar oxigênio na economia local. Ainda que os americanos mantenham suas sanções em vigor, a China deverá amenizar as restrições que impôs. A Coreia do Sul também dá mostras de que pretende ampliar a cooperação econômica com o Norte.

"Ele está definindo a narrativa para mudar como as coisas são feitas na Coreia do Norte", disse Patricia Kim, do Council on Foreign Relations. "Acredito que ele realmente quer desenvolvimento econômico e mudança no seu país." Aos 34 anos, Kim tem chance de ficar décadas no poder.

Apesar de Trump ter apresentado a cúpula como uma vitória pessoal, o ritmo das negociações está sendo ditado por Kim, que só fez o aceno diplomático depois de declarar vitória no desenvolvimento de seu arsenal nuclear. No ano passado, a Coreia do Norte testou sua mais potente bomba nuclear, além de mísseis intercontinentais capazes de atingir os EUA. Antes de propor o encontro com Trump, Kim já havia determinado a suspensão de novos testes - o último ocorreu em novembro.

O foco no desenvolvimento econômico definido no discurso de abril substituiu a estratégia que estava em vigor desde 2013, na qual esse objetivo dividia espaço com o programa nuclear. "Trump atribuiu a abertura diplomática de Pyongyang ao aumento das sanções, mas não acredito que elas foram o fator determinante", disse Eric Gomez, especialista em Ásia do Cato Institute. Segundo ele, a mudança obedece aos interesses de Kim de modernizar a economia. "Quando atingiu certo patamar de desenvolvimento nuclear, Kim decidiu negociar em posição de força", observou.

Até o início deste ano, o ditador norte-coreano havia se recusado a se encontrar com líderes estrangeiros e manteve distância até de Xi Jinping, da China. Os dois tiveram sua primeira reunião em março, mais de seis anos depois da chegada de Kim ao poder.

Responsável por 90% do comércio exterior da Coreia do Norte, a China terá um papel crucial no desenvolvimento norte-coreano, mas Gomez acredita que o ditador tentará reduzir a dependência do país vizinho. Depois de Xi, Kim se reuniu com Moon Jae-in, líder da Coreia do Sul, e Trump. Agora, se prepara para encontrar o russo Vladimir Putin.

Poucos analistas acreditam que Kim abrirá mão de seu arsenal nuclear. Ainda assim, a suspensão dos testes deverá continuar, o que reduzirá o apoio internacional às sanções econômicas e tornará impossível para os EUA retomarem a campanha de "máxima pressão" desencadeada em 2017. "Ele (Kim) jogou suas cartas muito bem", disse Gary Samore, do Centro Belfer para Ciência e Assuntos Internacionais da Universidade de Harvard. As informações são do jornal

O Estado de S. Paulo.

(Cláudia Trevisan, correspondente)


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