A investigação do procurador especial Robert Mueller sobre um possível conluio entre a Rússia e a equipe de campanha de Donald Trump na eleição presidencial de 2016 "está totalmente desacreditada", afirmou o presidente americano, Donald Trump, nesta sexta-feira (15).
Ao mesmo tempo, uma juíza federal de Washington revogava a liberdade condicional de Paul Manafort, ex-chefe de campanha de Trump que é acusado de tentar subornar testemunhas na investigação russa.
"O problema com a investigação de Mueller é que todos têm conflitos de interesses", disse Trump aos jornalistas que cobrem a Casa Branca, acrescentando que a investigação está "totalmente desacreditada".
Em um incomum encontro informal com jornalistas nos jardins da Casa Branca, o presidente se apoiou em um informe do inspetor-geral do Departamento de Justiça sobre o comportamento do ex-diretor do FBI James Comey.
Esse amplo informe aponta que Comey ignorou normas do FBI na condução da investigação sobre o uso indevido que a ex-secretária de Estado Hillary Clinton fez de um servidor privado de e-mails.
- Novas acusações contra Manafort -
Enquanto isso, a juíza Amy Berman Jackson revogou a liberdade sob fiança de Manafort por denúncias de que estava manipulando testemunhas no caso contra ele apresentado pelo procurador Robert Mueller.
O procurador especial está investigando o possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia.
Manafort estava em prisão domiciliar enquanto aguardava o começo de seu julgamento.
Na semana passada, Mueller apresentou novas acusações contra Manafort por obstrução à Justiça.
A nova acusação é feita quatro dias depois de procuradores denunciarem que havia tentado contactar duas testemunhas, em seu caso de lavagem de dinheiro e fraude bancária, por meio do russo Konstantin Kilimnik, a fim de persuadi-los para que testemunhassem a seu favor.
Kilimnik, um ex-linguistas treinado no Exército com supostos vínculos com a Inteligência russa, foi incluído na nova acusação de Manafort por tentativa de manipular testemunhas.
Desta forma, o número de acusados na investigação de Mueller subiu para 20, além de três empresas que também enfrentam acusações.
- Animosidade do FBI -
Embora o informe que Trump usou para desacreditar Mueller afirme que Comey não teve motivação política, o documento insiste em que o FBI está cheio de agentes que não escondem seu desprezo por Trump.
Segundo o documento de mais de 500 páginas, agentes do FBI estavam "dispostos a dar passos oficialmente para impactar" a campanha presidencial de Trump em 2016.
Essa versão coincide com as constantes denúncias de Trump sobre a animosidade no interior do FBI, narrativa que se estende à investigação que o procurador especial Mueller lidera sobre o suposto complô com a Rússia.
Trump reitera que essa investigação não passa de uma "caça às bruxas" promovida por pessoas no FBI e no Departamento de Justiça que não aceitam a derrota eleitoral de Hillary.
Por isso, hoje, o presidente afirmou categoricamente ter certeza de que "a investigação de Mueller está completamente desacreditada".
Trump retuitou a mensagem de um analista da rede Fox News, para quem "tudo o que Mueller está fazendo com sua investigação está manchado por agentes anti-Trump".
"O informe do inspetor-geral fez um grande trabalho em mostrar que não fiz nada de errado. Não houve conluio (com a Rússia), não houve obstrução (da Justiça)", insistiu.
O presidente afirmou ainda que o relatório do inspetor-geral é "um desastre para Comey", mas criticou asperamente a conclusão, segundo a qual o ex-diretor do FBI agiu sem motivação política.
Nesse sentido, apontou que "o relatório do inspetor-geral é uma história de horror, mas acho que essa frase na conclusão (sobre a falta de motivação política) é ridícula".
Essa conclusão "está equivocada. Claramente havia motivação política", disse o presidente.
No informe, menciona-se que um agente do FBI, identificado como Peter Strzok, enviou uma mensagem de texto para sua namorada, afirmando que Trump não seria eleito presidente.
"Para ser honesto, não sei como é que Peter Strzok ainda tem emprego", criticou o presidente.
.