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Estado de Minas

Kim Jong-un chega a Singapura sob as asas da China


postado em 11/06/2018 10:18

A chegada de Kim Jong-un a Singapura a bordo de um avião chinês mostra que a China pretende manter literalmente sob suas asas o jovem dirigente norte-coreano, no momento em que ele se prepara para uma negociação de desfecho incerto com o presidente americano, Donald Trump.

O jornal oficial da Coreia do Norte publicou fotos de Kim embarcando no domingo em um Boeing 747 da Air China, que o levou para Singapura.

A escolha de uma aeronave estrangeira pode surpreender, considerando-se que se trata de um país que se orgulha de sua "autossuficiência", e ainda mais no caso da China. As relações entre Pequim e Pyongyang se encontram estremecidas desde que o governo chinês apoiou as sanções internacionais contra o programa nuclear norte-coreano.

Recorrer aos serviços da aviação chinesa pode ser, para Kim, algo de ordem puramente prática, "mas, ao mesmo tempo, é um gesto simbólico para mostrar a seu povo que a China apoia a Coreia do Norte e que ela estará a seu lado, se o processo de desnuclearização com os Estados Unidos não funcionar", analisa o especialista em Coreia do Norte Koh Yu-hwan, da Universidade Dongguk, em Seul.

Ao ser questionada nesta segunda-feira, a diplomacia chinesa se limitou a afirmar que o pedido de transporte partiu de Pyongyang e que uma "companhia aérea chinesa havia oferecido seus serviços".

- Questão de segurança -

No caso de Pequim, o governo pode ter pensando simplesmente na segurança de seu jovem aliado, no momento em que ele cruzava a China, explica à AFP o especialista chinês da Coreia do Norte Lu Chao, da Academia das Ciências Sociais do Liaoning.

Kim Jong-un tem um avião que poderia levá-lo a Singapura, mas se trata de um velho aparelho de fabricação soviética, ironicamente apelidado de "Air Force Un" pela imprensa ocidental.

"A China forneceu o avião para garantir a segurança do dirigente norte-coreano", afirmou Lu.

Pequim também pode ter usado esse gesto para fazer lembrar Pyongyand e Washington de que nenhum acordo sobre a questão norte-coreana pode ser feito sem seu aval.

Lembrança esta que o presidente chinês, Xi Jinping, já havia deixado clara nesses últimos meses, ao receber Kim Jong-un duas vezes em seu país. Foi o primeiro líder estrangeiro a encontrá-lo.

Aliada da Coreia do Norte durante a guerra de 1950-53, a China pretende fazer parte de qualquer hipotético tratado de paz e tirar proveito de uma eventual abertura econômica de seu vizinho. Deixar Pyongyang se lançar nos braços de Washington não é uma possibilidade para Pequim.

"A China deve ficar atenta frente a possíveis artimanhas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos", declarou Lu Chao, ao jornal oficial "Global Times".

Se Washington, Seul e Pyongyang assinarem um tratado de paz sem a China, esta última "teria o direito de invalidá-lo", completou Chao.

- Cenários possíveis -

Pequim joga alto, porém, com o herdeiro da dinastia dos Kim, cujos antecessores souberam, no passado, administrar habilmente a rivalidade entre chineses e americanos.

O governo chinês prevê, certamente, diferentes cenários antes da cúpula de Singapura e lida com eles ao mesmo tempo no âmbito interno e com Kim Jong-un, diz Jonathan Sullivan, diretor do Instituto de Política chinesa da Universidade de Nottingham (Reino Unido).

"Mas a questão de saber se isso será o resultado ideal para os dirigentes chineses dependerá, amplamente, do humor de Trump nesse dia, de sua famosa química e de seu instinto, mas também do que sairá da cúpula e de sua eventual aplicação por ambas as partes", acrescentou Sullivan.

Xi Jinping deverá ser rapidamente posto a par pelo secretário de Estado americano, esperado em Pequim na quinta-feira (14). O presidente chinês também aceitou um convite para ir à Coreia do Norte em uma data ainda indeterminada, segundo a agência oficial de notícias norte-coreana.


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