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Estado de Minas

Morre o escritor, chef estrela e apresentador de TV Anthony Bourdain


postado em 08/06/2018 20:54

O chef itinerante Anthony Bourdain, escritor e estrela da televisão americana que explorava a gastronomia de cada canto do planeta, especialmente a popular e das ruas, se suicidou na França aos 61 anos.

O chef de Nova Jersey trabalhou durante décadas nos fogões de muitos estabelecimentos, como o antigo Brasserie Les Halles, em Manhattan.

Mas foram seus artigos, livros e programas de TV que lhe deram fama.

Em 2000, publicou "Cozinha confidencial". Seu livro, que foi um sucesso de vendas, relata o lado oculto das cozinhas de restaurantes, com o toque roqueiro da vida em Nova York e de seus múltiplos excessos de droga (cocaína, heroína, LSD), álcool e cigarros, embora há anos tenha contado que conseguiu superar esses vícios.

A partir de então, formou a imagem de "nômade", pensador livre, hedonista e humanista, que o acompanhou até o fim de seus dias.

"Era o meu amor, a minha rocha, o meu protetor", tuitou a atriz italiana Asia Argento, namorada do chef desde o ano passado. "Estou mais que devastada".

Bourdain apoiou Argento em sua luta contra o ex-produtor de Hollywood Harvey Weinstein, a quem acusa de tê-la estuprado.

- 'Um ser excepcional' -

A Promotoria francesa disse nesta sexta-feira à AFP que o corpo de Bourdain foi encontrado no quarto de hotel de Kaysersberg, na região francesa de Alsácia.

"Soubemos da morte por enforcamento deste chef americano esta manhã no hotel de luxo Le Chambard de Kaysersberg", disse o promotor de Colmar, Christian de Rocquigny du Fayel. Por enquanto, "nada indica que alguém tenha interferido na morte".

A CNN havia informado anteriormente que ele foi encontrado por seu amigo francês Eric Ripert, coproprietário e chef do Le Bernadin, um dos restaurantes mais famosos dos Estados Unidos, localizado em Nova York.

"Anthony era o meu melhor amigo", tuitou Ripert. "Um ser excepcional, tão estimulante e generoso. Um dos grandes contadores de histórias que chegou a tantas pessoas".

Após publicar o seu primeiro livro, apresentou vários programas de televisão sobre gastronomia, incluindo "Sem Reservas" (2005-2012), até que chegou ao "Parts Unknown", difundido desde 2013 pela CNN.

Carismático e entusiasmado, com muitas tatuagens e voz profunda, Bourdain visitou cantos recônditos do planeta buscando celebrar as tradições culinárias mais variadas, sempre guiado pela originalidade.

Em suas viagens, privilegiava os encontros, os sabores e os momentos especiais em relação ao refinamento e à estética.

Em seu programa, transmitido nos Estados Unidos nos domingos à noite, mantinha conversas francas com interlocutores locais, muitas vezes enquanto provava uma especialidade da região.

Fã do jiu-jitsu brasileiro - nunca viajava sem seu quimono -, também era conhecido por seus compromissos com diversas causas, em prol da abertura cultural e da integração e, em particular, contra o assédio sexual nos restaurantes.

Era um grande defensor dos imigrantes nos Estados Unidos, com ou sem documentos, sobretudo dos milhares de latinos que trabalham em restaurantes.

Para o chef britânico e também estrela da televisão Jamie Olivier, Anthony Bourdain "quebrou modelos" e "revolucionou as discussões sobre a gastronomia".

- Irreverente e curioso -

Nascido em Nova York em 1956, foi premiado com sete Emmys, as estatuetas mais famosas da televisão americana, entre eles cinco por "Parts Unknown".

Com este programa, Bourdain viajou para lugares imprevisíveis, longe dos destinos turísticos, desde Gaza até a República Democrática do Congo, passando pela região autônoma de Nagorno-Karabakh, o que o levou a ser declarado persona non grata pelo Azerbaijão.

Em seu primeiro ano de transmissão, recebeu um Peabody Award, prêmio outorgado à televisão e à rádio americanas. O júri elogiou a capacidade do programa de "abrir, ao mesmo tempo, nosso paladar e nossos horizontes".

"É irreverente, honesto, curioso, nunca condescendente, nunca obsequioso", observou o júri.

"Nós fazemos perguntas muito simples: o que te faz feliz, o que come, o que gosta de cozinhar?", explicou Bourdain quando recebeu o prêmio.

"É muito triste", tuitou o presidente americano, Donald Trump. "Amava seus programas. Era um personagem".

Bourdain, contudo, não tinha nenhuma simpatia pelo presidente e disse que "nunca na vida" jantaria com ele, como fez em um restaurante popular de Hanói com Barack Obama em 2016, ambos comendo talharins de seis dólares sentados em bancos de plástico.

"Ele nos ensinou sobre a comida, mas mais importante, sobre sua habilidade para nos aproximar. Para nos tornar um pouco menos medrosos do desconhecido", disse Obama após sua morte.

Bourdain era pai de uma menina de 11 anos, fruto de seu casamento com a atleta de MMA Ottavia Busia, da qual se divorciou em 2016.

A morte de Anthony Bourdain acontece somente três dias depois do suicídio da famosa estilista Kate Spade em Nova York, em condições similares.

O promotor francês descartou "a priori" realizar uma necropsia e disse que "a investigação não deveria atrasar" a repatriação do corpo aos Estados Unidos. A última de suas viagens.


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