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Estado de Minas

Nicarágua tenta retomar diálogo em meio a bloqueios e crise econômica


postado em 07/06/2018 22:12

A Nicarágua tentava retomar o diálogo em busca de uma saída para a grave crise provocada pela onda de protestos que já deixou 134 mortos, em uma reunião celebrada nesta quinta-feira (7) entre o presidente Daniel Ortega e bispos católicos, que mediam as conversas com a oposição.

O encontro foi solicitado pela Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) e aceita por Ortega, que enfrenta desde 18 de abril fortes manifestações, acompanhadas por bloqueios rodoviários em quase todo o país.

O governo espera que o encontro produza "vias de maior esperança para que todos nos sintamos melhor", afirmou a vice-presidente e porta-voz oficial, Rosario Murillo, à imprensa oficial.

"Vamos para esta reunião para definir os pontos, a agenda, os mecanismos, para trabalhar pela paz", detalhou Murillo.

Nesta quinta, o número de mortos nos protestos chegou a 134, informou à AFP a diretora executiva do Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), Marlin Sierra.

O balanço inclui quatro jovens mortos na noite de quarta, após serem atacados por forças de choque do governo no interior do país.

A Conferência Episcopal havia anunciado em 31 de maio que retomaria o diálogo entre o governo e a oposição, representada em uma aliança entre estudantes, empresários e sociedade civil, enquanto não vai cessar a repressão contra os manifestantes.

A Igreja tomou a decisão depois que uma marcha multitudinária da oposição foi atacada no dia anterior pela Polícia e forças de choque, deixando 16 mortos.

- Reunião gera expectativas -

Embora a repressão e os protestos continuem, os bispos tentam reativar a busca de uma solução pacífica para a crise, que se agravou esta semana com os bloqueios de vias e barricadas que os manifestantes erguem para se defender dos ataques da polícia e da multidão.

Do lado da oposição, há a esperança de que durante a reunião Ortega se comprometa a cessar a violência e aceite retomar o diálogo para discutir a democratização do país, disse à AFP o ex-diplomata Carlos Tünnermann, que representa a sociedade civil no diálogo nacional.

Os opositores querem antecipar as eleições de 2021 para apressar a saída de Ortega, no poder há 11 anos, e renovar o tribunal eleitoral, atualmente nas mãos da situação.

"Temos a confiança de que (os bispos) possam convencer Ortega a ter uma atitude muito mais aberta" ao retomar o diálogo, disse à AFP Yaritza, líder dos estudantes entrincheirados na Universidade Nacional Autônoma (UNAN).

Tünnermann não descarta que o presidente tente trocar os representantes da oposição no diálogo "com o pretexto de que somos uns obcecados, determinados a que se discuta o corte de seu mandato presidencial".

- Mais pressão diplomática -

Apesar do apelo de paz do governo, a repressão contra as manifestações continua, e os Estados Unidos somou-se nesta quinta às condenações contra Ortega feitas pela comunidade internacional.

O Departamento de Estado impôs restrições para concessão de vistos a oficiais de Polícia e funcionários municipais, entre outros, aos quais considera responsáveis por abusos contra os direitos humanos e a democracia durante os protestos.

"A violência política por parte da polícia e de pistoleiros pró-governamentais contra o povo da Nicarágua, em particular contra estudantes universitários, mostra uma falta de respeito flagrante pelos direitos humanos e é inaceitável", expressou a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nahuert, em um comunicado.

Na quarta, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciou mais violência e novos tipos de repressão nos protestos contra Ortega; e um dia antes da OEA havia aprovado uma declaração "em apoio ao povo da Nicarágua", na qual exorta o governo e os membros da sociedade a dialogarem de forma construtiva e deter a violência.

- Bloqueios continuam -

Os opositores mantêm os bloqueios em várias rodovias, principalmente ao sul da capital, com o propósito de proteger a cidade de Masaya, alvo de saques, incêndios e ataques de policiais e forças de choque desde que explodiram os protestos.

Estima-se que a economia nicaraguense sofrerá perdas de cerca de 800 milhões de dólares e cerca de 90.000 empregos serão afetados por causa da crise política no país, advertiram na quinta-feira economistas independentes.

Os fechamentos de vias também visam a dificultar o acesso à cidade turística de Granada, um centro histórico, onde na terça-feira foram registrados confrontos que deixaram pelo menos um morto.

Os protestos são liderados por jovens que defendem suas cidades com pedras, morteiros caseiros e são repelidos a tiros pelas forças antimotins e grupos de choque do governo.


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