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Estado de Minas

Vulcões explosivos e efusivos: a diferença entre as erupções em Guatemala e Havaí


postado em 07/06/2018 16:30

A explosão do Vulcão de Fogo na Guatemala surpreendeu pela fúria com a qual o material incandescente destruiu as casas ao seu redor, cujos moradores não tiveram tempo de fugir dos velozes deslizamentos.

Após a erupção de domingo passado, ao menos 99 pessoas morreram e cerca de 200 permanecem desaparecidas nos arredores do colosso de 3.763 metros acima do nível do mar, situado a 35 quilômetros a sudoeste de Ciudad de Guatemala.

Em contraste, o Kilauea, do Havaí, que entrou na fase eruptiva em 3 de maio, lançou rios de lava que isolaram povoados e obrigaram a evacuação de 2.000 pessoas.

Seu impressionante fluxo viscoso saiu lentamente das fissuras da montanha, dando tempo para retirar os moradores em risco.

O vulcanólogo costa-riquenho Gino González, da organização Vulcões Sem Fronteiras, explicou que o Fogo e o Kilauea são exemplos dos dois tipos de vulcões que existem.

O de Fogo apresenta erupções de tipo explosivo. Tem uma grande quantidade de gás em seu interior, o que faz com que suas erupções sejam violentas e possam lançar material a vários quilômetros sobre a cratera.

Na erupção de domingo, rochas ardentes foram expelidas da cratera do Vulcão de Fogo e caíram a uma velocidade de até 100 km/h que cobriram tudo em sua passagem.

O Kilauea, pelo contrário, apresenta erupções de tipo efusivo. Com menos gás em seu interior, suas erupções são mais lentas, os rios de lava que surgem de suas fissuras se deslocam a 5 km/h, a velocidade que uma pessoa caminha normalmente, explicou González à AFP.

Sobre o vulcão do Havaí, o geólogo guatemalteco Francisco Juárez, do estatal Instituto de Vulcanologia, comentou que "não ouvimos (falar) de pessoas mortas porque seus fluxos se deslocam de maneira relativamente lenta e previsível".

O colosso guatemalteco apresenta outras características que fizeram com que a erupção de domingo fosse especialmente devastadora.

"O volume de material lançado foi muito grande em pouquíssimo tempo, pelo qual a coluna alcançou mais de cinco quilômetros sobre a cratera", comentou González.

- Istmo ativo -

Além disso, o vulcão tem uma altura de 3.000 metros da base até a cratera, ladeiras muito inclinadas e populações muito próximas. Com essa conjuntura, o material alcançou rapidamente as casas.

"Na queda das rochas expelidas, estas alcançaram tanta velocidade que cobriram tudo em sua passagem", contou González sobre a potência da erupção de domingo na Guatemala.

Especialistas consideram que as autoridades e os cientistas devem estar preparados para fazer frente a emergências como a da Guatemala quando se sabe que o vulcão é propenso a uma erupção.

"Quando se sabe que existem pessoas vivendo na base de um vulcão ativo, o mínimo que as instituições científicas de monitoramento e estudo têm que fazer é dedicar recursos para acompanhar permanentemente, medir a atividade, manter uma vigilância sistemática 24 horas por dia", disse à AFP Demetrio Escobar, do Observatório Ambiental de El Salvador.

Na América Central existem cerca de 50 vulcões com diferentes graus de atividade, em sua maioria de tipo explosivo, como o de Fogo. Mas os especialistas consideram pouco provável que se repita uma tragédia das dimensões do colosso guatemalteco.

González citou o caso dos vulcões Arenal e Rincón de la Vieja na Costa Rica, ambos explosivos e com muita atividade nas últimas décadas, mas com una altura de 900 metros desde a base, fazendo com que o acúmulo de gás fosse menor.

Ainda assim, há registros de uma potente explosão do vulcão Ilopango, em El Salvador, há 1.500 anos, que dizimou a população maia da região e obrigou muitas pessoas a emigrar para outras localidades.

A Guatemala tem outros vulcões ativos, o Pacaya e o Santiaguito. Juárez afirmou que o Pacaya tende a ser mais passivo, com erupções menos violentas.

O Santiaguito, por sua vez, tem uma história de erupções violentas, inclusive mais fortes que as do de Fogo.


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