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Estado de Minas

Díaz-Canel rejuvenesce estilo de governo em Cuba e prepara reformas


postado em 07/06/2018 13:18

Ele percorre a cidade, reclama do estado de má conservação das ruas, ou supervisiona os trabalhos de ajuda após um acidente de avião. Com seu estilo, o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, revive a liderança "cara a cara" de Fidel Castro, enquanto fortalece o terreno para aplicar complexas reformas.

O novo presidente, de 58 anos, sucessor dos irmãos Fidel e Raúl Castro, assumiu em 19 de abril, e suas atividades têm sido amplamente difundidas pela imprensa estatal, único serviço de informação ao qual a maioria dos cubanos tem acesso.

Tudo isso junto com um imediatismo informacional sem precedentes. Sessões de conselhos de ministros, ou parlamentares, são transmitidas pela televisão, algumas ao vivo, com a troca de ideias entre Díaz-Canel e seus ministros sobre problemas cotidianos.

"Me impressionou a abertura de informação. O cidadão comum vê Díaz-Canel acima das coisas. Isso o beneficia. Claro que os desafios que ele tem são gigantescos. É cedo para saber o que vai acontecer na área econômica", afirma o analista político Carlos Alzugaray.

Buracos, falta de pintura, reclamações contra a corrupção que afeta a economia, falta de insumos: o presidente repassa cada detalhe, e tudo vai para o noticiário. Antes era apenas algum repórter narrando os fatos com imagem de apoio.

Essa mudança é parte de um plano que tem como objetivo aproximar o presidente da população, reforçar sua legitimidade e levar adiante as reformas no modelo econômico de corte soviético, que lhe permitam abrir mais a ilha ao investimento estrangeiro, a capitais privados e impulsionar o crescimento.

"Todas essas coisas são bons sinais. Isso lhe dá capacidade política e de manobra para a reforma econômica (...) Isso não se faz apenas com carisma", considera Arturo López-Levy, professor da Universidade do Texas-Rio Grande Valley.

- O cara a cara e a família -

Em uma reunião regional da ONU, em Havana, Díaz-Canel foi estimulado por um grupo de teatro infantil a dançar junto com o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, e a chefe da Cepal, Alicia Bárcena.

Ele também foi visto avaliando os danos da tempestade Alberto e foi um dos primeiros a chegar, após a queda de um avião em Havana que deixou 112 mortos.

Na ocasião, um repórter da AFP estava diante dele e o abordou. Os agentes de segurança tentaram contê-lo, mas o próprio Díaz-Canel falou o jornalista e lhe informou do "alto número de vítimas".

Depois, foi pessoalmente prestar seu conforto aos familiares das vítimas. Esse estilo de contato o caracteriza desde sua época de dirigente do Partido Comunista de Cuba (PCC) em Villa Clara (centro), quando percorria a cidade de bicicleta.

Ao contrário de Fidel, que manteve sua vida pessoal de forma reservada, Díaz-Canel faz atividades junto com a mulher, Lis Cuesta, chamada de primeira-dama pela imprensa oficial, uma figura até agora ausente na ilha. Com ela, fez uma visita oficial à Venezuela.

Já seus dois filhos músicos animaram um festival que reivindica os direitos das minorias sexuais, causa à qual seu pai é sensível.

- Entre Fidel e Raúl -

"Há um rejuvenescimento da máxima liderança em Cuba, que, por razões ideológicas e físicas, perdeu ritmo nos últimos anos", avaliou López-Levy. "Não é novo. O contato cara a cara foi cultivado por Fidel Castro", lembra.

Com líderes de 80 anos, é muito difícil, porém, manter um ritmo intenso de trabalho. "Isso Fidel fazia nos seus 50, ou 60 anos", quando era comum vê-lo percorrendo o país e dando longos discursos em atos públicos, acrescenta.

Líderes da Revolução de 1959, Fidel deixou o poder em 2006, já doente, entrando nos seus 80 anos, vindo a falecer em 2016), enquanto Raúl terminou seu mandato aos 86. Agora, o governo está nas mãos de um militante do PCC sem uniforme militar.

Embora se afaste do estilo de Raúl, que, de modo reservado, iniciou reformas econômicas-chave na ilha, Díaz-Canel não deixa de citá-lo. Ele o acompanhará na liderança de uma comissão para reformar a Constituição.

"A invocação a Raúl Castro é de esperar, porque, ainda que resgate o estilo do passado, Díaz-Canel encontra legitimidade ao reiterar a continuidade da liderança histórica revolucionaria", considera López-Levy.


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