A cúpula do G7, que será realizada nesta sexta-feira e neste sábado (9 e 10) em Quebec, deve render "negociações francas e às vezes difíceis" sobre comércio com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, segundo o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau.
"Haverá negociações francas e momentos difíceis ao redor da mesa do G7, em particular com o presidente dos Estados Unidos, sobre comércio e tarifas", disse ele à imprensa.
Trudeau receberá os líderes de Grã-Bretanha, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos para a cúpula anual do G7 em La Malbaie, Quebec.
O líder espera lançar o foco sobre o emprego, as preocupações com segurança, a limpeza dos oceanos e o empoderamento das mulheres, mas as autoridades admitiram que a agenda das sete maiores economias do mundo provavelmente será dominada por disputas comerciais.
Trump impôs tarifas pesadas na semana passada sobre as importações americanas de aço e alumínio de aliados próximos, como Europa, Canadá e Japão.
Em resposta, todos decidiram apelar à Organização Mundial do Comércio (OMC) e anunciaram medidas de retaliação. China e Rússia fizeram o mesmo.
Em Washington, o principal conselheiro econômico de Trump, Larry Kudlow, disse à imprensa que o presidente vai seguir adiante com as tarifas globais do aço e que os aliados, como Canadá e União Europeia, não devem esperar isenções.
"Pode haver desentendimentos, eu considero isso uma briga de família. Estou sempre otimista, acho que pode ser resolvido", disse Kudlow.
"Faremos o que for preciso para proteger os Estados Unidos, seus negócios e sua força de trabalho", acrescentou.
Kudlow também insistiu que a relação dos Estados Unidos com o Canadá, em particular, ainda é "muito boa".
Mas observadores notaram que a condenação tempestiva de Trudeau na semana passada, pedindo que o "bom senso" prevaleça no governo dos Estados Unidos, marcou um ponto de virada nesta relação.
- Ordem econômica 'atacada' -
A CNN relatou nesta quarta-feira que Trump invocou a Guerra de 1812 em um telefonema intenso com Trudeau, em 25 de maio, sobre a disputa comercial.
De acordo com fontes da CNN, Trudeau pressionou Trump em sua justificativa de segurança nacional para tarifas, ao que o presidente americano respondeu: "Vocês não atearam fogo à Casa Branca?"
Na verdade, foram as tropas britânicas que fizeram isso, e os historiadores dizem que foi uma retaliação a um ataque dos Estados Unidos a York, Ontário, que mais tarde passou a integrar o Canadá.
Segundo relatos, os Estados Unidos estão se preparando para revelar uma nova rodada de tarifas sobre o Canadá como punição por seus impostos a cerca de 12,9 bilhões de dólares em bens americanos.
"A ordem econômica mundial está sendo atacada", alertou nesta quarta o ministro canadense de Comércio Exterior, François Philippe Champagne.
"Continuemos trabalhando juntos, porque um mundo comercial internacional onde não há regras é um mundo onde ninguém ganha", afirmou Champagne.