Na China, o desenvolvimento econômico desenfreado fez a natureza recuar. Mas em um pequeno vilarejo insular perto de Xangai, a vegetação exuberante recuperou seu território perdido de forma espetacular.
A vila de Houtouwan já abrigou uma comunidade próspera de 2.000 pescadores na ilha de Shengshan. Agora abandonadas, ruas e casas de tijolos foram tomadas por plantas selvagens e rasteiras que as cobrem formando uma impressionante cobertura esmeralda.
A única coisa que perturba hoje a total reconquista desta aldeia por esta vegetação luxuriante é a multidão de turistas. Nesta localidade insular a 140 quilômetros de Xangai, eles vêm admirar o cenário mágico e as vistas do Mar da China Oriental.
Houtouwan foi fundada em 1950 e prosperou graças à pesca, chegando a ter até 3.000 habitantes. Mas seu porto, ao longo dos anos, se mostrou pequeno demais para acomodar grandes embarcações, o que acabou por amordaçar a aldeia.
Como resultado, em meados da década de 1990, já estava praticamente abandonada.
Grandes ondam açoitam a costa em certas épocas do ano, dificultando o desembarque de pequenos barcos. A única maneira de conectar Houtouwan ao resto da ilha é caminhar ao longo de um caminho sinuoso.
"Quando as grávidas tinham seus bebês, quando as crianças iam para a escola, quando os idosos precisavam de atenção médica, não tinham outra escolha que pegar este caminho", conta à AFP Wang, uma ex-moradora de cerca de 40 anos.
Ela trabalha hoje no vilarejo abandonado, onde é agente de segurança e toma conta dos turistas.
"Era tão feliz quando éramos crianças e íamos à praia para catar frutos do mar", recorda com saudade.
"Mas, uma vez que as pessoas começaram a ter mais dinheiro, pouco a pouco foram embora da cidade".
Nos últimos anos, os turistas podiam perambular livremente por Houtouwan e tirar selfies.
Mas desde 2017, as autoridades cobram um ingresso de entrada de 50 yuans (6,70 euros). E os visitantes são obrigados a seguir um percurso pré-definido nesta cidade que parou no tempo.