A Assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou nesta terça-feira a violência que sacode a Nicarágua há mais de um mês e já deixou 121 mortos, mas não responsabilizou o governo do presidente Daniel Ortega pela repressão aos manifestantes.
A "Declaração de Apoio ao Povo da Nicarágua", apresentada pelos Estados Unidos e pelo próprio governo nicaraguense, exige "o fim imediato dos atos de violência, intimidação e ameaças dirigidas contra o público em geral".
Também convoca o governo e outros atores sociais a participar "construtivamente de negociações pacíficas para fortalecer as instituições democráticas e a celebração de eleições livres, justas e oportunas".
"A Nicarágua está em uma situação muito diferente da Venezuela, que já cruzou a linha vermelha. Observamos ao menos uma disposição para reformas democráticas e para atender aos pedidos da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)", disse à AFP uma funcionária americana.
O documento exorta a CIDH a informar "assim que possível" ao Conselho Permanente da OEA sobre os resultados e conclusões da visita de trabalho realizada à Nicarágua em maio.
A CIDH, órgão autônomo da OEA, emitiu 15 recomendações, incluindo "o fim imediato da repressão" e o respeito à vida de todos os manifestantes, "em especial os estudantes".
Mas a declaração não condena explicitamente o governo de Daniel Ortega pela repressão praticada pela polícia e por grupos armados ligados ao governo, como denunciam organizações de defesa dos direitos humanos.