Um decreto polêmico que impõe a presença de um crucifixo na entrada dos edifícios públicos na região conservadora alemã da Baviera entrou em vigor nesta sexta-feira, em meio a acusações de que a medida seria uma manobra política antes das eleições regionais.
O ministro presidente da Baviera, Markus Söder, membro do partido conservador bávaro que é aliado da chanceler Angela Merkel, justificou a decisão em abril ao afirmar que instalar crucifixos "não é promover um símbolo religioso, e sim reconhecer uma identidade e a expressão de uma marca histórica e cultural".
Todos os ministérios regionais, palácios de justiça, delegacias de polícia, serviços de urbanismo e instituições públicas sob a autoridade do estado regional devem colocar um crucifixo em um local visível do saguão, de acordo com a norma.
Até agora apenas as salas das escolas do ensino básico e as salas de audiência dos tribunais regionais eram obrigada a ter um crucifixo.
O anúncio foi denunciado por seus críticos como uma manobra com fins eleitorais: a União Social Cristã (CSU) da Baviera, que governa esta rica região, levou o discurso cada vez mais para a direita desde que Merkel abriu as portas do país para mais de um milhão de refugiados desde 2015, essencialmente muçulmanos.
A CSU corre o risco de perder a maioria absoluta nas eleições previstas para 14 de outubro, ameaçada pelo partido anti-islã e anti-Merkel Alternativa para a Alemanha (AfD).
O Partido Verde e a esquerda radical Die Linke denunciaram uma medida populista e contrária à Constituição.
Um dos principais líderes da Igreja Católica alemã, o cardeal Reinhard Marx, também criticou os dirigentes bávaros que, com este medida, criam "divisão e desconcerto".