Jornal Estado de Minas

Pedida renúncia de presidente de universidade da Califórnia após escândalo sexual

Em meio a novas denúncias de abuso sexual contra um ex-ginecologista da Universidade do Sul da Califórnia (USC), os professores da instituição pediram nesta terça-feira (22) a renúncia de seu presidente.

O ginecologista George Tyndall trabalhou por anos no centro médico que atende os estudantes desta universidade e foi demitido em 2017 depois de anos de acusações ignoradas pelas autoridades universitárias.

Por isso, 200 professores pediram a renúncia de seu presidente C.L. Max Nikias, que "fracassou em proteger nossas estudantes, nossa equipe e nossas colegas de um repetido e perverso assédio e abuso sexual".

"A USC manteve em uma posição de poder e confiança um médico que abusou desse poder e dessa confiança para abusar sexualmente e degradar jovens estudantes", indicou uma carta enviada ao conselho administrativo, que expressou sua "total confiança na liderança, ética e valores do presidente Nikias e está certo que guiará nossa comunidade com sucesso".

Desde segunda-feira, vários processos foram abertos contra a USC e o médico, que está sendo investigado pelo colegiado médico.

A advogada Gloria Allred, reconhecida defensora das vítimas de agressão sexual, apresentou nesta terça um recurso em nome da aluna de mestrado Danielle Mohazab.

Em uma entrevista coletiva, Mohazab lembrou de uma consulta em 2016 com Tyndall, que substituiu outra ginecologista.

"Tyndall me pediu que me despisse da cintura para baixo e ficou olhando para mim enquanto eu fazia isso e sorrindo", lembrou Mohazab sobre a consulta em que faria um exame de rotina para doenças sexualmente transmissíveis.

Na maca, "sem luva, colocou dois dedos dentro de mim e os moveu pela região. E disse 'acho melhor usarmos lubrificante' com um sorriso sarcástico (...) Mexeu os dedos dentro de mim por alguns minutos, disse que era parte do exame para DSTs. Não usou um espéculo ou qualquer instrumento médico".

Mohazab é filipina. O jornal Los Angeles Times, primeiro a revelar a história, destacou que o médico preferia estudantes asiáticas, que considerava mais vulneráveis.

"Me senti extremamente desconfortável e estuprada".

Allred também compartilhou os depoimentos de duas mulheres, uma delas, Angela Esquivel, que foi se consultar com Tyndell depois de ter sido estuprada em 2006. "Me senti estuprada novamente".

"É horrível saber que durante um momento tão vulnerável da minha vida eu estava nas mãos de um predador".

"O fato de a USC ter fracassado ao tomar ações devidas diante do protestos dos estudantes sobre Tyndall é indesculpável", disse Allred.

Tyndall - que não é investigado pela Polícia - disse ao Times que seus exames ginecológicos foram totalmente justificados.

Nikias, por sua vez, anunciou nesta terça-feira um plano de ação de 20 páginas para encarar essa "profunda quebra de confiança" que será apresentado ao conselho.

"Temos que mudar a cultura na universidade e inculcar um nível mais elevado de profissionalismo e ética".

O plano inclui a reedição do código de ética da USC e a criação de uma comissão presidencial para melhorar a cultura no campus.

A universidade disponibilizou uma linha telefônica para coletar informações sobre Tyndall e até segunda-feira havia mais de 200 ligações.

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