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Estado de Minas

Estudo revela extensão da pressão humana em áreas protegidas do planeta


postado em 17/05/2018 21:36

Autoestradas, poços de petróleo e até mesmo cidades surgem no meio de zonas que estão protegidas só no papel, advertiram pesquisadores após analisarem milhões de quilômetros quadrados de áreas sob algum status especial de proteção no planeta.

Um terço das áreas oficialmente designadas como "protegidas" suportam uma "pressão humana significativa", conclui o relatório difundido nesta quinta-feira na revista Science.

Sob estas condições, em 6 milhões de quilômetros quadrados de terras protegidas, o equivalente a dois terços da China, a proteção das espécies em perigo diminui em grande velocidade.

"Só 10% das terras estão completamente sem atividade humana, mas a maioria destas áreas se encontra em lugares remotos, em países de latitude alta como Rússia e Canadá", acrescenta o relatório.

O problema é urgente na Ásia, Europa e África, diz um dos autores do estudo, James Watson, diretor de pesquisa da Wildlife Conservative Society, uma organização de proteção da natureza que administra os zoológicos e um aquário de Nova York.

"A maioria dos países está dando o primeiro passo e criando áreas protegidas, (...) mas estão se esquecendo do trabalho mais difícil e importante, que consiste em financiar a gestão destas áreas protegidas a fim de evitar qualquer ingerência humana importante", explica à AFP.

O princípio dos parques, florestas, montanhas ou áreas marinhas protegidas é proporcionar refúgio para aves, mamíferos e fauna marinha, com o objetivo de preservar a biodiversidade.

A comunidade internacional tomou consciência disso: desde 1992, a superfície de espaços declarados protegidos dobrou.

- Destinar os fundos necessários -

Mas de um extremo ao outro do planeta, abundam os exemplos de infraestruturas humanas construídas dentro de reservas naturais.

No Quênia, uma linha ferroviária atravessa os parques nacionais de Tsavo, lar do ameaçado rinoceronte-negro e de populações de leões onde a estranha ausência de fêmeas é notória.

Além disso, "há um projeto avançado para construir uma autoestrada de seis faixas", lamenta Watson.

Na Austrália, no parque nacional de Barrow Island, habitat natural de um tipo de wallabies (pequenos cangurus) e de outros marsupiais em risco, são realizadas explorações petroleiras.

Na ilha indonésia de Sumatra mais de 100.000 pessoas assentaram-se ilegalmente no Parque Nacional Bukit Barisan Selatan, ocupando terras de tigres-de-Sumatra, orangotangos e rinocerontes. Cerca de 15% do parque está agora coberto por plantações de café.

E nos Estados Unidos, os grandes parques de Yosemite e Yellowstone viram crescer "infraestruturas turísticas cada vez mais sofisticadas dentro de suas fronteiras".

"Descobrimos importantes infraestruturas rodoviárias como autopistas, agricultura industrial e inclusive cidades inteiras dentro de áreas que deveriam estar dedicadas à proteção da natureza", afirma outro autor, Kendall Jones, pesquisador na Universidade de Queensland, Austrália.

No total, mais de 90% das áreas protegidas do mundo, como reservas e parques naturais, estão submetidas a "atividades humanas prejudiciais".

Para deter os danos, os pesquisadores instam os Estados a fornecerem os fundos necessários para a proteção da biodiversidade dentro de suas fronteiras.

Mas os casos de sucesso existem. Watson cita o Santuário Keo Seima no Camboja, o Parque Nacional Madidi na Bolívia e a Reserva Yasuní no Equador.


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