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Estado de Minas

Europeus e Irã se comprometem a salvar acordo nuclear


postado em 15/05/2018 19:36

Os responsáveis europeus se comprometeram, nesta terça-feira (15), com o chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, a garantir recursos econômicos ao Irã a fim de salvar o acordo nuclear ameaçado pelas sanções decididas pelos Estados Unidos após sua decisão de se retirar.

"Nós buscamos soluções práticas para permitir que o Irã continue suas vendas de petróleo e gás, continue suas transações bancárias, mantenha as conexões aéreas e marítimas, para garantir créditos à exportação e facilitar os investimentos", detalhou a representante da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que presidiu a reunião.

"Acredito que seja um bom começo. Ainda não chegamos lá, mas estamos iniciando o processo", declarou Mohamad Javad Zarif à imprensa após se reunir com Mogherini e seus colegas de França, Reino Unido e Alemanha, representantes dos três países envolvidos no acordo.

"O povo iraniano espera benefícios econômicos. Queremos saber se nossos sócios podem nos dar isso", havia advertido anteriormente Zarif. "O tempo está acabando", insistiu.

- 'Contexto difícil' -

Em uma breve entrevista coletiva ao fim do dia, Mogherini reconheceu que "o contexto é muito difícil", depois da polêmica decisão do presidente Trump de abandonar o acordo assinado em 2015.

"Sabemos que é uma tarefa difícil, mas estamos decididos que o JCPOA (siglas do acordo nuclear) se mantenha em seu lugar", tanto do lado europeu como do lado iraniano, destacou Mogherini.

A chefe da diplomacia europeia descartou qualquer emenda ou anexo ao texto, em resposta à solicitação dos Estados Unidos de renegociar um novo acordo.

A ex-chanceler italiana, por sua vez, destacou que "a retirada das sanções econômicas foi uma consequência importante do acordo em benefício do povo iraniano".

"Estamos no caminho correto para avançar e nos assegurarmos de que os interesses de todos os participantes que permanecem (no acordo), especialmente o Irã, serão preservados e garantidos", enfatizou Zarif.

Os europeus buscam evitar que Teerã se retire do acordo e retome seu programa nuclear, ao mesmo tempo em que estudam como evitar que as sanções americanas contra o Irã afetem as empresas do bloco que investem na República Islâmica.

Os presidentes da UE devem adotar uma posição comum esta semana, durante uma cúpula em Sófia. "Gostaria que o nosso debate voltasse a confirmar sem nenhuma dúvida que enquanto o Irã respeitar as disposições do acordo, a União Europeia também as respeitará", indicou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, na carta de convite.

Na capital búlgara, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, deve apresentar aos presidentes "diferentes opções para proteger os interesses econômicos europeus no comércio com o Irã", impulsionados em virtude do acordo nuclear, acrescentou um funcionário europeu de alto escalão.

- China, Rússia, UE -

Após anos de várias negociações, Irã e o grupo de potências P5+1 (Estados Unidos, China, Rússia, França, Reino Unido e Alemanha) firmaram, em julho de 2015, um histórico pacto. Nele, Teerã aceitou congelar seu programa nuclear até 2025 em troca da suspensão das sanções internacionais contra seu país.

Com a saída do pacto do presidente americano, Donald Trump, o objetivo do Irã é obter garantias dos demais signatários para continuar aplicando seus compromissos no acordo. Em caso contrário, Teerã já advertiu que está preparada "para todas as opções".

Para isso, Zarif iniciou uma viagem no domingo, que o levou à China, à Rússia e, agora, a Bruxelas.

Ao fim desse giro diplomático, "veremos como podemos organizar um grupo de trabalho comum para que este receba o apoio da comunidade internacional", explicou o ministro, após se reunir na segunda-feira com seu colega russo, Serguei Lavrov, citado pela agência iraniana ISNA.

Depois de sua reunião com Mogherini, o ministro iraniano deve conversar à tarde com os chanceleres de França, Alemanha e Grã-Bretanha, representantes dos três países europeus que assinaram o texto.

O presidente francês, Emmanuel Macron, e o russo, Vladimir Putin, confirmaram o compromisso de ambos os países em aplicar este acordo, durante um telefonema nesta terça.

- Aproximação incomum -

A saída dos Estados Unidos comporta uma aproximação entre Moscou e os europeus, algo incomum, levando em conta as tensões dos últimos anos sobre Síria e Ucrânia, avivadas recentemente pelo caso do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal na Inglaterra.

Nos último dias, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, pediu a seus colegas dos países europeus signatários do acordo, que continuem com sua "forte cooperação" com Washington.

Pompeo considerou que os Estados Unidos e seus aliados europeus têm interesses idênticos, como "agir para que o Irã nunca tenha armas nucleares" e "responder às atividades desestabilizadoras do regime iraniano na região", de acordo com um comunicado.

O governo de Trump anunciou sanções contra o governador do Banco Central iraniano.

Ontem, a Marinha americana disse esperar um "período de incerteza" em relação à atitude do Irã no Golfo, depois de Washington denunciar o acordo.


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