Manifestações palestinas ocorrem semanalmente desde o fim de março, ao longo da fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel. O protesto mais sangrento foi o da segunda-feira, 15. Ao todo, mais de 50 palestinos foram mortos pelo exército israelense e quase 3 mil foram feridos. O território se tornou uma crise contínua sem solução próxima, sob o bloqueio israelense-egípcio e a violência frequente entre Israel e líderes do Hamas.
Condições terríveis
O corredor de 360 quilômetros quadrados ao longo do Mar Mediterrâneo fica entre Israel e Egito e abriga cerca de 2 milhões de pessoas. Depois de mais de uma década sob governo do Hamas, as condições de vida para a maioria dos habitantes é terrível. Além do bloqueio dos dois países limítrofes, a rival Autoridade Palestina (AP) também pressiona o governo local.
A taxa de desemprego é superior a 40%, a água de torneira é intragável e os moradores têm acesso a poucas horas de eletricidade por dia. Os hospitais enfrentam escassez constante, a entrada e saída de mercadorias é limitada e partes do território ainda aguardam recuperação, depois que terem sido destruídas durante o conflito de 2014 com Israel.
Os moradores de Gaza têm pouco acesso ao mundo exterior. Precisam obter autorizações difíceis de se conseguir para entrar em Israel e as viagens ao Egito são restritas a apenas alguns dias do ano.
História
Israel ocupou a Faixa de Gaza durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Em 2005, depois de quase 40 anos estabelecendo assentamentos na região, o governo retirou seus colonos e tropas. No ano seguinte, o Hamas, que se opõe à existência do Estado de Israel, ganhou eleições legislativas. Em 2007, o grupo tomou o controle de Gaza, que estava sob o poder da AP, cujo chefe é Mahmoud Abbas.
O Hamas mantém um controle rígido sobre o território, silenciando dissidentes, proibindo reuniões públicas e promovendo os valores conservadores islâmicos.
Israel defendeu a ação militar como uma resposta aos disparos de foguetes vindos de Gaza e apontou o histórico do Hamas de cometer atentados suicidas e ataques mortíferos, especialmente durante a segunda revolta palestina da última década. As guerras mataram milhares de palestinos, mais da metade civis, e receberam fortes críticas da comunidade internacional
O bloqueio
Israel culpa o Hamas pelas condições precárias em Gaza e diz que não tem escolha a não ser manter o bloqueio, que restringe importações e exportações. O Estado israelense afirma que seu bloqueio é direcionado apenas ao grupo, e não aos civis da região, e tem permitido que a ajuda humanitária e materiais de construção entrem no território.
Israel também diz que vai diminuir o bloqueio de acordo com suas avaliações de segurança e pediu um aumento da ajuda para os palestinos à comunidade internacional. No entanto, organizações internacionais como o Banco Mundial e a ONU dizem que o bloqueio sufoca a economia palestina e pediram, repetidamente, que o governo de Binyamin Netanyahu reduza as restrições.
Quais são os próximos passos?
Os organizadores afirmam que a onda de protestos na fronteira busca romper o bloqueio e pressionar Israel a aliviar suas restrições. Mas o Estado israelense considera que o Hamas utiliza as manifestações como disfarce para atacar seu território.
Desde o início dos atos, em 30 de março, mais de 100 palestinos foram mortos pelo Exército israelense, provocando acusações internacionais de que o país usa força excessiva. O governo se justifica dizendo que defende a soberania de sua fronteira e não dá sinais de reduzir o bloqueio.
(AP).