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Estado de Minas

Quim Torra, um separatista catalão da ala dura e fiel a Puigdemont


postado em 14/05/2018 15:18

O editor catalão Quim Torra, acusado por seus adversários de ser um nacionalista excludente, se tornou, nesta segunda-feira (14), o novo presidente da Catalunha, e prometeu fidelidade à tarefa de seu antecessor, Carles Puigdemont, de continuar sua luta por uma República que seja independente da Espanha.

Tendo como experiência política apenas alguns meses como deputado, este homem de 55 anos assumiu a função de dirigir a região após seis meses sob controle do governo espanhol.

"Viva a Catalunha livre", celebrou logo depois de ser empossado por uma apertada maioria no Parlamento regional, onde prometeu ser leal à tarefa de "construir um Estado independente" e trabalhar "sem descanso" pela República.

Um mandato "provisório", reconheceu, à espera do retorno de seu "presidente legítimo no exílio", Puigdemont, impedido de recuperar seu cargo ao estar na Alemanha e pendente de um processo de extradição.

"Espantalho", "marionete", são alguns dos epítetos usados pela mídia espanhola para este homem comprometido com a estratégia de seu mentor de manter vivo o conflito com Madri, apesar do fracasso da tentativa de secessão.

Sem filiação aos partidos separatistas, cada vez mais distantes da estratégia de Puigdemont, o ex-presidente escolhe "um membro destacado da linha dura (...) que responde somente a ele", afirmou Oriol Bartomeus, cientista político da Universidade Autônoma de Barcelona.

- O fantasma do supremacismo -

Após uma década de ativismo pela independência da Catalunha, presidindo inclusive a influente entidade Omnium, Torra foi escolhido deputado na Câmara regional como membro da heterogênea lista de Puigdemont, "Juntos pela Catalunha".

A afabilidade e o discurso tranquilo deste homem contrastam com o tom dos textos e tuítes recuperados pela oposição nos últimos dias, que o qualificou de "ultranacionalista" e "supremacista".

"Os espanhóis vêm nos vigiar, saiam daqui de uma vez!", dizia uma mensagem de 2012 em uma conta no Twitter já deletada.

E em uma série de artigos digitais, chamava de "não natural" e "deterioração" falar em castelhano na Catalunha, definia a Espanha como "um país exportador de misérias" e qualificava de "carniceiros, víboras e hienas" os que não compartilham a defesa da cultura e da língua catalã.

Este admirador do separatista Francesc Macia, presidente da Catalunha entre 1931 e 1933, disse que "fazia falta" uma nova tentativa de alçamento armado como a planejada por seu ídolo em 1926 contra a ditadura militar de Miguel Primo de Rivera (1923-1930).

"Sua ideologia fica perfeitamente clara (...) Defende a xenofobia, defende uma identidade excludente", assegurou a líder da oposição, Inés Arrimadas, do partido de centro direita "Cidadãos", o mais votado na região.

"Lamento que alguns tuítes retirados de contexto, dirigidos ao governo do Estado, possam ter ofendido alguém", disse Torra nesta segunda-feira, se desculpando pela terceira vez desde a sua nomeação.

- Uma vida de mudanças drásticas -

Nascido na vila costeira de Blanes, onde começa a turística Costa Brava, este homem casado e pai de três filhos não é alheio às mudanças drásticas de profissão.

Depois de quase duas décadas na seguradora suíça Winterthur, aproveitou o dinheiro de sua demissão para fundar a editora "A Contra Vent", especializada em recuperar textos de jornalistas catalães da Segunda República (1931-1939) e no exílio franquista.

Enquanto passava horas buscando artigos esquecidos nas bibliotecas da região, foi conquistando um nome nos círculos nacionalistas, com textos em meios de comunicação e cargos de direção em diferentes organizações separatistas.

Em 2012, a Prefeitura nacionalista conservadora de Barcelona o deixou encarregado pela direção do Born Centro Cultural, um espaço de exaltação nacionalista que exibe as ruínas da Barcelona de 1714, destruída após a derrota para as tropas franco-espanholas da monarquia bourbônica.

Graças a ele, diante deste complexo está hasteada uma grande bandeira catalã, de exatamente 17,14 metros de altura. Prometeu fazer algo similar na sede do governo catalão, colocando um grande laço amarelo, símbolo dos políticos separatistas presos e exilados.


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