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Estado de Minas

Milhares de palestinos protestam na fronteira com Israel, arriscando a vida


postado em 14/05/2018 10:42

"Não importa que matem metade do povo". Arriscando a vida, milhares de palestinos voltaram a se reunir na fronteira com Israel nesta segunda-feira (14), dia da inauguração da embaixada americana em Jerusalém.

Por volta de meio-dia, pelo menos 37 palestinos teriam morrido, e centenas, ficado feridos por disparos do Exército israelense na Faixa de Gaza, segundo o Ministério de Saúde de Gaza.

Com esses novos óbitos, chega a 91 o número de palestinos mortos desde 30 de março, quando começou a "marcha do retorno", um movimento de protesto dos moradores de Gaza, que se reuniram junto à fronteira israelense para reivindicar o direito dos palestinos a voltarem para as terras, das quais foram expulsos, ou das quais fugiram quando Israel foi criada em 1948.

Hoje, os manifestantes queriam, sobretudo, mostrar sua insatisfação com a transferência da embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.

Entre os presentes, Muataz al Najjar, de 18 anos, já foi quatro vezes ferido nas manifestações desde 30 de março.

- 'Continuaremos' -

Os milhares de manifestantes se reuniram em diferentes pontos, e pequenos grupos tentaram se aproximar da fronteira fortemente vigiada pelo Exército israelense.

Esses pequenos grupos tentaram atacar a barreira fronteiriça e lançaram pedras nos soldados, que responderam com disparos.

No domingo e na segunda-feira, o Exército israelense havia advertido que os manifestantes estavam colocando suas vidas em risco e que não se permitiria que se aproximassem do muro fronteiriço, nem que atacassem os soldados.

"Defenderemos nossos cidadãos por qualquer meio, não permitiremos que se force a fronteira", havia avisado o ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman.

Ainda assim, Bilal Fasayfes, de 31 anos, levou sua mulher e seus dois filhos em um dos ônibus fretados em Khan Yunis, no sul da Gaza, para conduzir os habitantes até a fronteira.

"Não importa que matem metade do povo. Continuaremos indo lá para que a outra metade viva com dignidade", garante Fasayfes.

No hospital Shifa de Gaza, os médicos, que têm de lidar com a escassez de medicamentos agravada por semanas de protestos, veem-se obrigados a acelerar a alta dos doentes para para liberar leitos.

Em Khan Yunis, homens mascarados, dos quais alguns com pedaços de pau nas mãos, circulavam entre as lojas para obrigar seus proprietários a fecharem seus estabelecimentos e atenderem a uma convocação de greve geral em toda Gaza.

Nas mesquitas, foram instalados potentes alto-falantes para divulgar mensagens que estimulavam a população a se manifestar.

O Exército israelense espera que milhares de palestinos protestem contra a inauguração, à tarde, da embaixada americana em Jerusalém, na Faixa de Gaza e também na Cisjordânia ocupada.

Em Ramallah, 2.000 palestinos se juntaram, aos gritos de "Jerusalém é nossa capital", comprovou um jornalista da AFP. A Autoridade Palestina pediu que as pessoas deixem seu trabalho no final da manhã para participar dos protestos.

Na fronteira, Faris Abu Hajaras, um operário da construção civil de 50 anos, garante que não tem trabalho por culpa do bloqueio e disse que continuará a se manifestar de forma pacífica.

"É Deus que decide, ou não, se morremos. Você e eu podemos caminhar juntos, e você leva um tiro na cabeça, e comigo não acontece nada", afirma.


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