Jornal Estado de Minas

Duas listas antissistema superam premiê iraquiano nas legislativas

Os iraquianos surpreenderam, nesta segunda-feira (14), colocando na liderança das eleições legislativas duas listas antissistema, com números muito à frente do primeiro-ministro Haider Al-Abadi, que conta com amplo apoio internacional.

Esses primeiros resultados oficiais das eleições de sábado não incluem os votos das forças de segurança, dos iraquianos no exterior, nem dos deslocados, que ainda podem mudar a situação.

Por enquanto, para surpresa geral, os dois movimentos à frente são os do líder nacionalista xiita Moqtada Sadr, aliado dos comunistas que se aproximaram da Arábia Saudita em detrimento de Teerã, e as Forças de Mobilização Popular, um grupo ligado ao Exército próximo do Irã.

No passado, ambos adotaram uma retórica hostil aos Estados Unidos e até chegaram a se enfrentar militarmente, antes de fazerem uma frente comum para expulsar o grupo Estado Islâmico (EI) do país.

Esses surpreendentes resultados surgem quando Estados Unidos e Irã estão em seu pior momento bilateral, depois que o presidente americano, Donald Trump, retirou o país do acordo sobre o programa nuclear iraniano.

Washington e Teerã haviam acordado tacitamente, em 2014, o nome de Haider Al-Abadi e descartaram seu rival no partido Daawa, Nuri Al-Maliki, cujo plano para voltar ao poder fracassou.

- 'Rejeição à corrupção' -

A inédita aliança do líder xiita Moqtada Sadr e os comunistas com um programa anticorrupção ("A marcha pelas reformas") lideram em seis das 18 províncias, incluindo Bagdá, ocupando a segunda posição em outras quatro.

Seus simpatizantes, que se manifestam toda semana contra a corrupção por todo país, reuniram-se no domingo à noite no centro de Bagdá e em seu reduto, o bairro pobre de Sadr City, para celebrar "a vitória sobre os corruptos" e "uma nova etapa para o povo iraquiano", como relatou um deles, Zeid Al-Zamili, de 33 anos, à AFP.

Já a Aliança da Conquista, uma lista de ex-comandantes e combatentes das Forças de Mobilização Popular, liderava em quatro províncias, incluindo a cidade de Basra (sul), ficando em segundo em outras oito.

Abadi foi superado em todas as províncias, salvo em Nínive, cuja cidade principal é Mossul, ex-"capital" do grupo EI, de quem Abadi anunciou a "libertação" em meados de 2017.

Em um primeiro momento, vários responsáveis políticos afirmaram que o premiê em final de mandato liderava os resultados, dando a entender que conservaria o cargo.

Essa possibilidade não está descartada, já que ainda resta apurar os votos dos 700.000 membros das forças de segurança. Além disso, com um sistema pensado para evitar o domínio de um partido, Abadi pode formar uma coalizão do governo que lhe garantiria um segundo mandato.

Durante a campanha, Sadr e Abadi insinuaram que poderiam se aliar.

Segundo a Comissão Eleitoral, registrou-se uma participação de 44,52% nas primeiras eleições, após a vitória sobre o grupo EI, o mais baixo percentual desde a queda de Saddam Hussein em 2003.

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