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Estado de Minas

Documento da CIA mostra que Geisel autorizou execução de opositores


postado em 11/05/2018 11:30

Um documento da CIA publicado nesta sexta-feira (11) pela imprensa brasileira mostra que Ernesto Geisel, que comandou o país em um dos períodos da ditadura militar (1964-1985), autorizou pessoalmente a execução de opositores.

"O presidente Geisel autorizou a execução" de adversários políticos, destacam em primeira página os principais jornais do país. Ernesto Geisel, que foi o penúltimo presidente da ditadura, de 1974 a 1979, tem a reputação de ter enfrentado a linha mais dura do regime.

Mas, segundo o documento, revelado pelo coordenador do centro de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Matias Spektor, Geisel disse explicitamente ao chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), o general João Figueiredo, que lhe sucederia no cargo, que as execuções deveriam continuar.

O relatório, datado de 11 de abril de 1974, está assinado pelo então diretor da Central de Inteligência Americana (CIA) William Colby, dirigido ao secretário de Estado Henry Kissinger, foi tornado público em 2015 (https://history.state.gov/historicaldocuments/frus1969-76ve11p2/d99?platform=hootsuite).

"Este é o documento mais perturbador que já li em 20 anos de pesquisa", escreveu Spektor em sua conta no Facebook.

No memorando, Geisel autoriza a continuação da política de assassinatos, mas exige do Centro de Informações do Exército uma autorização prévia do próprio Palácio do Planalto.

"Em 1º de abril, o presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política (de eliminação de dissidentes) deveria continuar, mas que deveriam tomar cuidado para certificarem que somente os subversivos perigosos fossem executados", aponta o relatório.

Uma Comissão Nacional da Verdade (CNV) confirmou em 2014, após três anos de trabalhos, 434 mortes e desaparecimentos durante a ditadura militar no país.

Diferentemente de outros países latino-americanos que viveram ditaduras militares durante as décadas de 1970 e 1980, o Brasil nunca julgou os repressores devido a uma lei de 1979 que anistiou policiais e militares acusados de violarem os direitos humanos.

"Nunca tivemos em mãos um documento em que realmente estivesse escrito: 'Vamos executar'. (Os militares) sempre disseram que as execuções eram casos isolados", disse Vera Rotta, que durante os governos do presidente Lula trabalhou na Secretaria de Direitos Humanos e coordenou um amplo relatório sobre a repressão.


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