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Estado de Minas

Divididos, curdos podem perder força no Parlamento iraquiano


postado em 10/05/2018 11:00

Afetados pelas divisões, os curdos iraquianos podem perder cerca de dez assentos nas eleições gerais de 12 de maio, o que reduziria sua capacidade de zelar pelos interesses de sua comunidade.

Eles poderão pagar um preço elevado pelo referendo de independência de setembro, organizado apesar da oposição do poder central em Bagdá.

O referendo causou perdas territoriais importantes para os curdos, pois, em resposta, as forças iraquianas reconquistaram a rica província petroleira de Kirkuk e outros territórios que os primeiros controlavam de fato, embora estivessem fora dos limites oficiais de sua região.

Hoje, na região autônoma, os dois grandes partidos tradicionais tentam mobilizar esses eleitores, desmoralizados pela derrota que se seguiu ao referendo, em que o "sim" ganhou com folga.

Em seu reduto de Erbil, o Partido Democrático do Curdistão (PDK), de Masud Barzani, que promoveu o referendo, fez campanha pela defesa dos interesses curdos no Parlamento de Bagdá.

- "Proteger o futuro" -

Seus cartazes proclamam: "Sejamos fortemente representados em Bagdá para defender nosso referendo".

Na cidade vizinha de Suleimaniyé, a rival União Patriótica do Curdistão (fundada por Jalal Talabani, morto no ano passado) insiste também na necessidade de se votar: "Seu voto protege o futuro do Curdistão", "Votemos por um futuro sólido a favor de direito à autodeterminação".

Mas as duas formações, que dominaram a vida política durante meio século, estão tensas e seus rivais, Goran e a Nova geração, os acusam por todos os males.

O PDK reclama da "traição" da UPK e das "divisões". "Achamos que Kirkuk foi ocupada (pelas forças de Bagdá) devido à traição de alguns membros do UPK. E para essas eleições nunca tivemos resposta quando propusemos uma lista curda unida em todo o país", assegura à AFP Khosro Kuran, um dirigente do PDK.

Ao contrário, responde Saadi Bireh, membro do Departamento político do UPK, a situação atual é a causa do partido rival. "O que alguns dirigentes do PDK dizem reflete sua indecência política, pois em vez de nos considerar adversários, nos veem como inimigos", afirma.

Segundo ele, o PDK decidiu ir sozinho às três províncias do Curdistão e boicotar a votação em Kirkuk após a rejeição de várias listas para fazer aliança com esse partido nas "áreas disputadas".

O resultado são 77 listas e 503 candidatos para 46 assentos nas províncias de Erbil, Suleimaniyé e Dohuk, oficialmente constitutivas da região autônoma.

- Perdas -

No Parlamento central anterior, os partidos curdos tinham 62 assentos com deputados eleitos em Kirkuk, Nínive, Diyala e Bagdá. Essa quantidade de assentos os favorecia a desempenhar um papel determinante.

"A perda de Kirkuk é um momento maior na história do Iraque pós Sadam Hussein. Para os curdos, a cidade de Kirkuk não era somente uma fonte de petróleo, como também um capital humano do ponto de vista eleitoral", ressaltou Adel Bakawan, diretor-geral do Centro de Sociologia do Curdistão na universidade de Soran, perto de Erbil.

Para ele, desde a recuperação das áreas disputadas por Bagdá, "as relações de força mudaram em detrimento dos curdos. É difícil dar dados exatos, entretanto, a perda de alguns assentos é uma evidência", acrescenta o pesquisador.

Khosro Kuran, presidente do PDK, compartilha desse pessimismo. "Nossos candidatos são assediados na planície de Nínive. Ao contrário das eleições de 2014, não haveria participação nos territórios curdos fora da região autônoma se não estivessem presentes as forças de segurança curdas para proteger nossos eleitores", disse

Outro revés para os partidos tradicionais é que há curdos que se apresentam pela primeira vez em "listas árabes" na região autônoma.

Mas o tiro de misericórdia é o de Mustafá Sheij Kawa. O neto do lendário rei dos curdos se apresenta na lista do chefe xiita Amar al-Hakim. "É uma lista iraquiana. Nosso objetivo é servir ao povo do Curdistão", diz uma fonte próxima, Saed Hisa Barzinji.

Herói da luta contra a ocupação britânica, Sheij Mahmud Hafid Barzinji estabeleceu um Estado curdo entre 1920 e 1922, e se autoproclamou rei.


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